|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
comentário
Sem nostalgia, grupo continua fora do eixo
MARCELO NEGROMONTE
EDITOR DE ENTRETENIMENTO DO UOL
Há 15 anos sem tocar
na Europa, o Devo
deu início à turnê
no continente em junho, em
Barcelona, com a new wave
mais pura do mercado: ficção
científica kitsch com sintetizadores, humor nonsense
com guitarras. E com os indefectíveis chapéus vermelhos em forma de vaso de flor
e macacões amarelos, tal
funcionários aloprados de
uma usina nuclear.
A banda foi uma das principais atrações do festival Sónar e levou cerca de 4.000
pessoas para assisti-la. Os
Beastie Boys, o outro "headliner", reuniu 15 mil.
Perfilados, óculos gigantes, vento no rosto, os cinco
integrantes apareceram jovens no telão, como aprendizes de astronautas, no filmete revisitado de "Corporate
Anthem", que introduziu o
show. O realismo soviético
subvertido nos padrões capitalistas denunciava a idade
do grupo: a referência era antiga e sutil demais para ser
contemporânea.
O show curto, de cerca de
uma hora, começou com
"That's Good", terminou
com "Freedom of Choice",
com os integrantes de camiseta e bermuda pretas. Entre
ambas as canções, só o que
todo mundo queria ouvir.
"Whip It", "(I Can Get No)
Satisfaction" (mais roqueira), "Time Out for Fun",
"Mongoloid" e "Going Under" saciaram a sede de jovens que nem pensavam em
nascer quando a banda lançou o primeiro álbum, em
1978. No show, o vocalista
Mark Mothersbaugh, 57,
provocou a platéia e distribui
vários dos seus chapéus. Parecia que essa loucura enérgica e colorida do Devo nunca tinha deixado de existir.
Mas, se não houve atemporalidade no show, tampouco houve nostalgia. Ou
houve ambos, tanto faz. O
Devo continua uma banda
fora do eixo e de propósito. E
that's good. Bum!
Texto Anterior: "O Devo não se encaixava no punk" Próximo Texto: Ingressos para o festival já estão à venda Índice
|