São Paulo, terça-feira, 18 de setembro de 2007

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comentário

Sem nostalgia, grupo continua fora do eixo

MARCELO NEGROMONTE
EDITOR DE ENTRETENIMENTO DO UOL

Há 15 anos sem tocar na Europa, o Devo deu início à turnê no continente em junho, em Barcelona, com a new wave mais pura do mercado: ficção científica kitsch com sintetizadores, humor nonsense com guitarras. E com os indefectíveis chapéus vermelhos em forma de vaso de flor e macacões amarelos, tal funcionários aloprados de uma usina nuclear.
A banda foi uma das principais atrações do festival Sónar e levou cerca de 4.000 pessoas para assisti-la. Os Beastie Boys, o outro "headliner", reuniu 15 mil.
Perfilados, óculos gigantes, vento no rosto, os cinco integrantes apareceram jovens no telão, como aprendizes de astronautas, no filmete revisitado de "Corporate Anthem", que introduziu o show. O realismo soviético subvertido nos padrões capitalistas denunciava a idade do grupo: a referência era antiga e sutil demais para ser contemporânea.
O show curto, de cerca de uma hora, começou com "That's Good", terminou com "Freedom of Choice", com os integrantes de camiseta e bermuda pretas. Entre ambas as canções, só o que todo mundo queria ouvir.
"Whip It", "(I Can Get No) Satisfaction" (mais roqueira), "Time Out for Fun", "Mongoloid" e "Going Under" saciaram a sede de jovens que nem pensavam em nascer quando a banda lançou o primeiro álbum, em 1978. No show, o vocalista Mark Mothersbaugh, 57, provocou a platéia e distribui vários dos seus chapéus. Parecia que essa loucura enérgica e colorida do Devo nunca tinha deixado de existir.
Mas, se não houve atemporalidade no show, tampouco houve nostalgia. Ou houve ambos, tanto faz. O Devo continua uma banda fora do eixo e de propósito. E that's good. Bum!


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