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Crítica/show
De bem com a vida, Lily Allen faz show curto e com energia
"São Paulo, melhor show de todos os tempos", escreveu no Twitter a cantora, depois de apresentação no Via Funchal
TONY GOES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
As cantoras populares,
independentemente de
seus estilos, podem ser
divididas em dois grupos. De
um lado, estão as profissionais,
que criam personas glamourosas e fazem shows impecáveis,
seja lá como estiverem no plano pessoal. Nesta turma estão
Marlene Dietrich, Madonna e
Maria Bethânia; Lady Gaga sinaliza que vai por tal caminho.
Do outro lado, estão as passionais, que misturam palco e
vida real e não têm pudor de
desmoronar em público. Edith
Piaf, Janis Joplin e Judy Garland são as representantes clássicas dessa vertente, cujo paradigma atual é Amy Winehouse.
Lily Allen parece estar trocando de time. Sua apresentação em São Paulo, em 2007, foi
apenas uma de muitas prejudicadas pelo álcool. Só perdia para Winehouse. Mas o show de
anteontem no Via Funchal desapontou quem estava esperando outro desastre.
Lily estava bonita, magra,
cheia de energia. Totalmente
saudável, não: de vez em quando, tragava um cigarro eletrônico. Sua alegria contagiante
compensava a simplicidade do
cenário e a ausência de efeitos
especiais. A casa não lotou, mas
a área do gargarejo foi tomada
por adolescentes que sabiam de
cor suas letras rebuscadas.
Como é praxe acontecer com
artistas desacostumados com o
Brasil, Lily se espantou com a
plateia, mas respondeu à altura. Todos se divertiram muito.
O repertório do show é baseado em seu novo CD, "It's
Not Me, It's You". São canções
meio parecidas entre si, mas
sempre com refrãos grudentos.
Do primeiro disco, "Alright,
Still", vieram hits como "LDN"
e "Smile". E ficou para o bis o
surpreendente cover de "Womanizer", de Britney Spears.
Allen a regravou com uma
pegada mais suave, mas ali a
música ressurgiu com a exuberância original. Em seguida, o
hino "Fuck You", a acelerada
"Not Fair", e pronto. Menos de
uma hora e meia em cena, mas
o suficiente. Depois, escreveria
no Twitter: "São Paulo, melhor
show de todos os tempos".
Não é pouco para quem, com
meros 24 anos, já viveu amores
turbulentos, inúmeros vícios e
até mesmo um aborto espontâneo, em janeiro deste ano.
Lily Allen parece ter vencido
seus demônios. Está tão linda e
"de bem com a vida" que o único desafio que parece lhe interessar agora é o daquele iogurte
que regula o intestino.
Avaliação: bom
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