São Paulo, sexta-feira, 18 de setembro de 2009

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Crítica/show

De bem com a vida, Lily Allen faz show curto e com energia

"São Paulo, melhor show de todos os tempos", escreveu no Twitter a cantora, depois de apresentação no Via Funchal

TONY GOES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

As cantoras populares, independentemente de seus estilos, podem ser divididas em dois grupos. De um lado, estão as profissionais, que criam personas glamourosas e fazem shows impecáveis, seja lá como estiverem no plano pessoal. Nesta turma estão Marlene Dietrich, Madonna e Maria Bethânia; Lady Gaga sinaliza que vai por tal caminho.
Do outro lado, estão as passionais, que misturam palco e vida real e não têm pudor de desmoronar em público. Edith Piaf, Janis Joplin e Judy Garland são as representantes clássicas dessa vertente, cujo paradigma atual é Amy Winehouse.
Lily Allen parece estar trocando de time. Sua apresentação em São Paulo, em 2007, foi apenas uma de muitas prejudicadas pelo álcool. Só perdia para Winehouse. Mas o show de anteontem no Via Funchal desapontou quem estava esperando outro desastre.
Lily estava bonita, magra, cheia de energia. Totalmente saudável, não: de vez em quando, tragava um cigarro eletrônico. Sua alegria contagiante compensava a simplicidade do cenário e a ausência de efeitos especiais. A casa não lotou, mas a área do gargarejo foi tomada por adolescentes que sabiam de cor suas letras rebuscadas.
Como é praxe acontecer com artistas desacostumados com o Brasil, Lily se espantou com a plateia, mas respondeu à altura. Todos se divertiram muito.
O repertório do show é baseado em seu novo CD, "It's Not Me, It's You". São canções meio parecidas entre si, mas sempre com refrãos grudentos. Do primeiro disco, "Alright, Still", vieram hits como "LDN" e "Smile". E ficou para o bis o surpreendente cover de "Womanizer", de Britney Spears.
Allen a regravou com uma pegada mais suave, mas ali a música ressurgiu com a exuberância original. Em seguida, o hino "Fuck You", a acelerada "Not Fair", e pronto. Menos de uma hora e meia em cena, mas o suficiente. Depois, escreveria no Twitter: "São Paulo, melhor show de todos os tempos".
Não é pouco para quem, com meros 24 anos, já viveu amores turbulentos, inúmeros vícios e até mesmo um aborto espontâneo, em janeiro deste ano.
Lily Allen parece ter vencido seus demônios. Está tão linda e "de bem com a vida" que o único desafio que parece lhe interessar agora é o daquele iogurte que regula o intestino.


Avaliação: bom



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