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Magos da história
Best-sellers de história, autores Laurentino Gomes e Eduardo Bueno defendem obras mais acessíveis
MARCOS FLAMÍNIO PERES
DE SÃO PAULO
Eles não são nem ricos
nem bonitos nem elegantes.
Mas são pop stars a seu modo
-dão entrevistas por toda
parte, têm sessões de autógrafo concorridas e conseguem viver do que fazem:
contar a história do Brasil.
Laurentino Gomes, 54, e
Eduardo Bueno, 52, formam
o jet set de um gênero que
vem se consolidando rapidamente no país, o de livros de
divulgação de história.
Basta dar uma espiada na
lista dos mais vendidos desta
semana, com cinco obras da
área (leia mais na pág. E4).
Gomes, que lidera o ranking, esgotou em duas semanas os 100 mil exemplares
iniciais de seu "1822". Com
outros 100 mil no prelo, essa
apetitosa história da Independência tem grande potencial de superar sua obra
anterior, "1808" -que, em
três anos, vendeu mais de
400 mil exemplares.
Já Bueno está indo para a
terceira edição de seu "Brasil
- Uma História". Com números mais modestos, mas ainda assim respeitáveis, já zerou os primeiros 20 mil exemplares e outros 20 mil já estão
a caminho. Formados em jornalismo, dizem fazer sobretudo reportagem. "Poderia
estar fazendo isso em medicina ou astronomia", diz Gomes, que trabalhou em "O
Estado de S. Paulo" e foi diretor da editora Abril.
Mas que história é essa?
"Tento combinar dados pitorescos, análises mais profundas e perfis das pessoas", diz.
Para ele, o pitoresco é a informação de que José Bonifácio, o patriarca da Independência, escondia seu rabicho
sob a casaca nas cerimônias
oficiais. "Esses detalhes são
uma isca para o leitor", diz.
Bueno partilha dessa visão
e admite que têm muito em
comum. "Mas que fique claro
que minha obra veio antes!"
A primeira edição de "Brasil
-Uma História" é de 1997".
ELITE E POVO
Pela ênfase no detalhe, sobra pouco espaço, na bibliografia de "1822", para a historiografia de esquerda. Os
marxistas, diz o autor, fazem
uma "história asséptica, sem
pessoas ou personagens".
Sua narrativa sobre a Independência se apoia nas figuras carimbadas e passa ao
largo de tendências recentes,
como a história do cotidiano.
"As vidas de d. Pedro 1º ou
da marquesa de Santos estão
muito mais bem documentadas do que a de um cidadão
que morasse no Rio à época."
Sem citarem números, dizem levar uma vida confortável com os dividendos de
seus produtos. "Hoje conquistei meu espaço, tenho
adiantamentos e tiragens diferenciadas", diz Bueno.
Ambos negam simplificar
a história e defendem livros
mais acessíveis. "A formação
de leitores começa por "Harry
Potter'", diz Gomes.
Entusiasta das novas tecnologias, Laurentino lança
seu best-seller em formato de
e-book em dezembro -"o
mundo será multimídia!".
Bueno não pensa assim.
"O público de internet não é
afeito à leitura." E arremata:
"O Twitter é o meio de expressão ideal para quem não
tem o que dizer".
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