São Paulo, sábado, 18 de setembro de 2010

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CRÍTICA ERUDITO

Alsop rege a Osesp com energia espantosa

Programa é executado sem intervalo; "Sétima", de Mahler, soa forte e singular

SIDNEY MOLINA
CRÍTICO DA FOLHA

Em mesa redonda organizada na última quarta-feira pela Folha, a regente norte-americana Marin Alsop ponderou que uma das razões para o sucesso da música clássica em projetos de inclusão social pode ser o fato de ela abrir um mundo totalmente novo, que se separa radicalmente da realidade vivida por essas pessoas.
Ao reger a Osesp na noite seguinte, na Sala São Paulo, ela mostrou que o fato de a "Sétima Sinfonia", de Gustav Mahler (1860-1911), ser uma de suas obras com menos tradição interpretativa oferece à performance um precioso espaço de fabulação.
Assim, aquilo que poderia ser a principal dificuldade -preparar em três dias uma obra gigante e complexa, que soa nova para os próprios músicos- torna-se, de fato, uma vantagem.
Estreada em 1908 em Praga, a sinfonia leva ao limite um discurso cuja autoconfiança beira a loucura. A elaboração tonal atinge um ponto sem precedentes, mas Mahler não descarta esboços e rascunhos: superação e saturação caminham juntas, e só a forma clássica, por trás de tudo, não deixa o edifício desmoronar.
A "Sétima" de Alsop nasce forte e não se parece com nenhuma das versões mais conhecidas. Cortes definidos, andamentos claros e som delineado para cada divisão das cordas marcaram os movimentos extremos.
Nas duas serenatas (segundo e quarto movimentos), delicadeza e liberdade tomaram conta de um arriscado tempo suspenso: belos solos de clarinete, violino e bandolim; até o acompanhamento discreto do violão (sem amplificação) foi ganhando independência de harpas e contrabaixos para encerrar o penúltimo movimento com um audível acorde de fá maior.
Regido sem intervalo com energia espantosa, o programa abriu com a "Opening Prayer", de Leonard Bernstein (1918-1990), professor de Marin Alsop e um dos responsáveis pela consolidação de Mahler no cenário internacional desde os anos 1960.


ORQUESTRA SINFÔNICA DO ESTADO DE SÃO PAULO E MARIN ALSOP

QUANDO hoje, às 16h30
ONDE Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, 16, tel. 0/xx/ 11/ 3223-3966)
QUANTO ingressos esgotados
CLASSIFICAÇÃO 7 anos
AVALIAÇÃO ótimo



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