São Paulo, domingo, 18 de setembro de 2011

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Gael García exibe 'Os Invisíveis' no Congresso dos EUA

Documentário feito com Marc Silver mostra o drama daqueles que tentam cruzar a fronteira americana

Dedicação ao tema dos imigrantes rendeu ao ator prêmio de direitos humanos do grupo Wola, em Washington

ANDREA MURTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE WASHINGTON

Gael García Bernal já deve ter atuado como o revolucionário ou sonhador preferido de quase todo mundo, mas o ator mexicano de 32 anos prefere se definir de forma mais simples: um imigrante.
Na última quinta, levou seu olhar sobre a questão da imigração ao Congresso dos EUA, exibindo o documentário "Os Invisíveis", que fez com o diretor Marc Silver, a pedido da Anistia Internacional.
Dias antes, teve um encontro reduzido com jornalistas, do qual a Folha participou.
Deixou escapar que está fazendo um longa de ficção que tem a imigração como tema, com lançamento previsto para 2013, mas não quis dar detalhes. "Quero ver se vai ficar bom primeiro", disse.
Com uns poucos cabelos brancos escapando do rabo de cavalo, de jeans e tênis azul, o ator estava leve e risonho ao falar sobre o México.
Mas as palavras foram tão fortes e carregadas quanto a violência em seu país. "Toda decisão de um mexicano é política. Carregamos essa bagagem", afirmou.
"Não vejo como ativismo, não é esforço. Tendo crescido no México, é responsabilidade social mesmo."
Segundo o ator, a liberdade para criar o documentário foi ampla, pois a Anistia Internacional não pediu um ângulo específico.
"Queríamos algo que fosse direto ao ponto e que comovesse as pessoas."

ENREDO
A tarefa não foi simples: "Costumam simplificar muito a imigração. Tentamos uma abordagem que criasse uma ligação emocional e racional com o público".
"Os Invisíveis" não é tão original como ele tenta fazer parecer. São quatro pequenas histórias com depoimentos, que ele chama de "parágrafos". Mas os relatos são impactantes. O filme conta que seis de cada dez mulheres que passam pelo México tentando chegar aos EUA são estupradas.
Em outro momento, um candidato a imigrante fala sobre os sequestros. Segundo ele, quem se recusa a dar contatos de familiares para o resgate é torturado e morto.
Gael criou, com o ator e amigo Diego Luna e o produtor Pablo Cruz, a ONG "Ambulante", que leva documentários a lugares remotos.
Tamanha dedicação aos imigrantes lhe rendeu o prêmio do ano de direitos humanos do grupo Wola (Escritório de Washington para a América Latina).
A cerimônia de entrega, na última terça, ocupou o luxuoso salão da OEA (Organização dos Estados Americanos) em Washington.
"Estou mais nervoso do que no Oscar", disse Gael, sorrindo, sob os olhares de Luna e de familiares.
"Os Invisíveis" pode ser assistido gratuitamente no site da Anistia Internacional (http://www.amnesty.org/es/news-and-updates/ver-los-invisibles-2010-11-08) ou no YouTube.


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