DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos momentos mais engraçados de "Descobrindo Waltel" (exibido hoje pela SescSenac) é quando o maestro Júlio Medaglia enumera os pseudônimos que o compositor, violonista e arranjador Waltel Branco usou ao longo de vários álbuns no exterior.
"Magalhães Patto, Airto Fogo, Bianco, William Hammer (...)", discorre o maestro, perguntando se a abundância de nomes não serviria para ele aplicar golpes no mercado internacional.
Branco -discreta figura na MPB, mas de obra de grande relevância que merece estudos mais detidos- sorri levemente e responde, argumentando que, se ele colocasse seu verdadeiro nome, sabendo que era brasileiro, sofreria rejeição no mercado musical, segundo seu produtor.
É uma espécie de resumo da trajetória de Branco, ainda hoje uma figura pouco lembrada em nosso cenário musical. Condutor da orquestra que acompanhou João Gilberto por diversos shows, arranjador de um dos temas de "A Pantera Cor-de-Rosa" para Henry Mancini, entre diversos outros trabalhos, o paranaense é foco de um afetivo curta-metragem dirigido por Alessandro Gamo. Também será exibida uma entrevista com o diretor.
Outra imagem generosa com a importância de Branco é extraída de "Bahia de Todos os Sambas" (1996), de Paulo César Saraceni e Leon Hirszman, na qual Branco acompanha João Gilberto.
O longa, gravado em Roma, nas lendárias Termas de Caracalla, em 1983, foi histórico pelo registro do espetáculo, no qual houve apresentações de Dorival Caymmi, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Tom Zé, entre outros. Na direção, dois nomes de inquestionável qualidade. E, no meio de todos, Waltel Branco.
O mosaico de capas de álbuns de Branco e o dedilhar de cordas do violonista asseguram que a obra dele ainda persiste e ainda não é uma lacuna permanente.