São Paulo, terça-feira, 18 de outubro de 2005

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Coleção de Priscilla Darolt foi destaque no evento que reúne jovens estilistas em São Paulo

Hot Spot abre com espelhos e muitas cores

ALCINO LEITE NETO
EDITOR DE MODA

De repente, as modelos entraram na passarela cobertas de pequenos espelhos dos pés até o rosto. Foi o momento "performático" do primeiro dia de desfiles da temporada Verão 2006 do Amni Hot Spot, projeto que incentiva jovens designers de moda. O estilista Jefferson de Assis caprichou na malha fina onde colou os espelhos. Por cima deles, ajustou as roupas. Mas será que a ironia com a moda vale o sacrifício do glamour das mulheres?
Com tanto reflexo e brilho, todo o resto ficou ofuscado na coleção de Assis, mesmo alguns interessantes vestidos de corte radical, às vezes mais ousados que as próprias esfinges de espelho.
Apesar do espetáculo, a abertura do Hot Spot não exibiu muita ousadia. Oito estilistas mostraram criações cuidadosas, em geral atentas ao mercado, adequadas ao verão brasileiro, mas pouco arrojadas. O que se espera de um jovem designer? Que traga o impacto do novo. O excesso de realismo mercantil pode anestesiar a criatividade e criar uma monotonia.
A coleção de Priscilla Darolt foi na contracorrente e virou destaque. Ela abriu o desfile com um delicioso vestido de matelassê, montado em patchwork, formando composições gráficas "concretistas" em branco e preto. Em seguida, vieram roupas em estampas coloridas que reforçavam o jogo entre construção e desconstrução, equilíbrio e desequilíbrio, enlace e vazio. Fortes cintos largos de palha, argolas e amarrações de tecido equilibravam os recortes, dando à roupa uma estrutura elegante, leve e inteligente.
As estamparias em zigue-zagues supercoloridos da Fuxique surpreenderam mais do que suas macroflores. A coleção, inspirada em Frida Kahlo, ganhou uma leveza bem brasileira que tem pouco a ver com a dramática pintora. Não importa. Interessa é que as mulheres fiquem mais modernas e vibrantes, sem aquele ar de provincianas norte-americanas.
A única coleção masculina foi a de Igor de Barros, que flertou com a alfaiataria e o street wear, mostrando peças muito desenhadas e, ao mesmo tempo, informais. Os conjuntos e paletós listrados se impuseram, bem como as complexas bermudas em rosa e verde.


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