São Paulo, quinta-feira, 18 de outubro de 2007

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Bienal de Veneza premia León Ferrari

Aos 87 anos, artista argentino levou o prêmio pelo conjunto da obra; júri privilegiou países periféricos

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

O artista argentino León Ferrari recebeu ontem em Veneza o Leão de Ouro, principal prêmio concedido a um dos participantes da 52ª Bienal da cidade italiana, que segue até 21/11.
Diferentemente das edições anteriores, a premiação foi realizada depois de três meses de exposição, com exceção do fotógrafo Malick Sidibé (do Mali), que recebeu o Leão de Ouro pelo conjunto de sua obra na abertura da mostra, dia 10/6, por indicação de seu curador, o norte-americano Robert Storr.
Aos 87 anos, Ferrari tem participado de algumas das mais importantes mostras internacionais de arte contemporânea. Além da 11ª Documenta de Kassel, encerrada no mês passado, o artista esteve presente na 27ª Bienal de São Paulo, no ano passado, quando também foi tema de uma retrospectiva na Pinacoteca do Estado.
Receberam também o Leão de Ouro a jordaniana Emily Jacir, como artista com menos de 40 anos; a Hungria, pelo melhor pavilhão, representado pelo artista Andreas Fogarasi; e o crítico norte-americano Benjamin Buchloh. Foram concedidas ainda duas menções honrosas: ao pavilhão da Lituânia, representado pelos artistas Nomeda & Gediminas Urbonas; e ao artista búlgaro Nedko Solakov.
O júri, composto por Manuel J. Borja-Villel, diretor do Museu de Arte Contemporânea de Barcelona, Iwona Blazwick, Ilaria Bonacossa, Abdellah Karroum e José Roca, um dos co-curadores da última Bienal de São Paulo, foi político, com uma distribuição geográfica que privilegiou países periféricos no circuito artístico.
Para justificar o prêmio a Ferrari, na cerimônia ontem, o presidente do júri afirmou que foi concedido "não apenas pela sua atitude ética ou seu empenho político, mas também pela relevância estética no contemporâneo, inesperado para um trabalho que se desenvolveu nos últimos 70 anos".
Uma de suas obras expostas em Veneza, "A Civilização Ocidental e Cristã" fez parte da mostra "Poéticas e Políticas", em Buenos Aires, no final de 2004, que dividiu a cidade, provocando protestos por parte de religiosos e até mesmo ameaças de bombas. Ferrari viveu em São Paulo, entre 1976 e 1983, onde produziu grande quantidade de trabalhos, alguns expostos em Veneza.
Já o Leão de Ouro para o pavilhão da Hungria foi a grande surpresa, por superar trabalhos que obtiveram grande repercussão, como Sophie Calle, no pavilhão francês; Aernout Mik, no holandês; e Feliz Gonzalez-Torres, no norte-americano. Fogarasi apresentou a obra "Cultura e Lazer", composta por vídeos exibidos em caixas suspensas, que ironizam o estado dos centros culturais em Budapeste.


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