|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
32ª MOSTRA DE SP
Restauro de "Poderoso Chefão" honra original
Cópia restaurada do clássico de Francis Ford Coppola é exibida hoje e amanhã
Sessões permitem conhecer a fotografia de claros e escuros de Gordon Willis, no longa que foi Oscar de filme, ator e roteiro adaptado
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A 32ª Mostra Internacional
de Cinema de SP promove um
acontecimento histórico: em
duas exibições, hoje e amanhã,
no Cinesesc, o público terá a
chance de assistir a um dos
maiores filmes já feitos, "O Poderoso Chefão", numa cópia
restaurada que honra o resultado original assinado pelo diretor Francis Ford Coppola no
ano de sua estréia, 1972.
Esse "túnel do tempo", oferecido numa das maiores telas de
cinema de São Paulo, privilegia,
sobretudo, Gordon Willis, que
assinou uma fotografia de claros e escuros, de tonalidade
dourada e com luz que criou,
sobretudo nos rostos, um desenho de sombras que se tornou
uma recorrência nos filmes de
época que viriam depois.
Inédita, também, era a abordagem à Máfia. Na adaptação
primorosa que Coppola fez do
livro de Mario Puzo, temos um
olhar um tanto romântico e benevolente sobre as tais "famílias" (o termo "máfia" não é
usado) e seus "negócios".
Don Vito Corleone (Marlon
Brando) é o padrinho ético que
ajuda a todos, tão temido quanto respeitado. Vito tem de passar o controle para um de seus
filhos, o que recai naquele que
jamais quis se envolver com os
negócios, Michael (Al Pacino).
Apesar da presença solar de
Brando, "Chefão" desde já olha
para o drama de Michael, que o
atormentará até a morte.
Drama maior, contudo, foi o
de Coppola, contratado pela
Paramount, mas jovem demais
para os olhares receosos de alguns figurões do estúdio. O diretor teve de se desdobrar para
cumprir prazos, e o orçamento
foi limitado a US$ 6,5 milhões,
o que o fez filmar em tensos
62 dias, sob constante risco de
demissão, apesar de sua óbvia
genialidade.
Por outro lado, "O Poderoso
Chefão" representa o maior casamento entre cinema de autor
e indústria, com um grande estúdio dando (relativa) carta-branca a um jovem diretor para
que pintasse sua visão de mundo. Ou seja, todo um sistema
costumeiramente controlado
concedendo a "livre criação".
No mais, o filme ganhou Oscar de melhor filme, ator (Brando) e roteiro adaptado, o que
demonstra, ainda mais, que os
tempos de "O Poderoso Chefão" eram outros, bem distintos
dos nossos. Vê-lo hoje, na fidelidade da cópia restaurada, é
um retorno valioso ao passado.
O PODEROSO CHEFÃO
Quando: hoje, às 21h, e amanhã, às
17h20, no Cinesesc
Classificação: não indicado a menores
de 14 anos
Texto Anterior: Escritor encerra vida com comédia Próximo Texto: Lanterninhas Índice
|