São Paulo, sábado, 18 de outubro de 2008

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32ª MOSTRA DE SP

Restauro de "Poderoso Chefão" honra original

Cópia restaurada do clássico de Francis Ford Coppola é exibida hoje e amanhã

Sessões permitem conhecer a fotografia de claros e escuros de Gordon Willis, no longa que foi Oscar de filme, ator e roteiro adaptado


PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A 32ª Mostra Internacional de Cinema de SP promove um acontecimento histórico: em duas exibições, hoje e amanhã, no Cinesesc, o público terá a chance de assistir a um dos maiores filmes já feitos, "O Poderoso Chefão", numa cópia restaurada que honra o resultado original assinado pelo diretor Francis Ford Coppola no ano de sua estréia, 1972.
Esse "túnel do tempo", oferecido numa das maiores telas de cinema de São Paulo, privilegia, sobretudo, Gordon Willis, que assinou uma fotografia de claros e escuros, de tonalidade dourada e com luz que criou, sobretudo nos rostos, um desenho de sombras que se tornou uma recorrência nos filmes de época que viriam depois.
Inédita, também, era a abordagem à Máfia. Na adaptação primorosa que Coppola fez do livro de Mario Puzo, temos um olhar um tanto romântico e benevolente sobre as tais "famílias" (o termo "máfia" não é usado) e seus "negócios".
Don Vito Corleone (Marlon Brando) é o padrinho ético que ajuda a todos, tão temido quanto respeitado. Vito tem de passar o controle para um de seus filhos, o que recai naquele que jamais quis se envolver com os negócios, Michael (Al Pacino).
Apesar da presença solar de Brando, "Chefão" desde já olha para o drama de Michael, que o atormentará até a morte.
Drama maior, contudo, foi o de Coppola, contratado pela Paramount, mas jovem demais para os olhares receosos de alguns figurões do estúdio. O diretor teve de se desdobrar para cumprir prazos, e o orçamento foi limitado a US$ 6,5 milhões, o que o fez filmar em tensos 62 dias, sob constante risco de demissão, apesar de sua óbvia genialidade.
Por outro lado, "O Poderoso Chefão" representa o maior casamento entre cinema de autor e indústria, com um grande estúdio dando (relativa) carta-branca a um jovem diretor para que pintasse sua visão de mundo. Ou seja, todo um sistema costumeiramente controlado concedendo a "livre criação".
No mais, o filme ganhou Oscar de melhor filme, ator (Brando) e roteiro adaptado, o que demonstra, ainda mais, que os tempos de "O Poderoso Chefão" eram outros, bem distintos dos nossos. Vê-lo hoje, na fidelidade da cópia restaurada, é um retorno valioso ao passado.

O PODEROSO CHEFÃO
Quando: hoje, às 21h, e amanhã, às 17h20, no Cinesesc
Classificação: não indicado a menores de 14 anos



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