São Paulo, sábado, 18 de outubro de 2008

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32ª MOSTRA DE SP

Crítica/"Katyn"

Wajda filma drama robusto sobre guerra

COLUNISTA DA FOLHA

Após uma controvertida carreira internacional ("Danton", "Um Amor na Alemanha", "Os Possessos"), Andrzej Wajda volta ao tema de seus primeiros e extraordinários filmes: a Polônia esfacelada por alemães e russos durante a Segunda Guerra.
Em "Katyn", o assunto é um dos episódios mais escabrosos da guerra: o massacre de milhares de oficiais poloneses no leste do país em 1940. O crime foi atribuído aos nazistas pela propaganda soviética, mas décadas depois ficou provado que os próprios russos executaram as vítimas e as enterraram em valas coletivas.
Inspirado no romance "Post Mortem", de Andrzej Mularczyk, que se baseou em diários e cartas dos oficiais mortos, o filme é um drama robusto, implacável, em que o caos e a loucura da guerra não são escusas para livrar ninguém da responsabilidade de seus atos e da manipulação da verdade.
"Katyn" (nome do local do massacre) se inicia com uma seqüência magnífica: numa ponte, uma leva de fugitivos encontra outra multidão que caminha em sentido contrário. Uns fogem dos alemães, que invadiram o país pelo oeste; os outros, dos russos, que entraram pelo leste.
A Polônia que o filme nos mostra é sem rosto. A certa altura um homem pergunta: "Como será quando a Polônia for livre?". Uma mulher responde: "A Polônia nunca será livre".
Aos 82 anos, Wajda não parece mais otimista do que quando realizou, nos anos 50, sua soberba trilogia "Geração", "Canal" e "Cinzas e Diamantes".
(JGC)

KATYN
Quando: hoje, às 21h, na Cinemateca; amanhã, às 19h30, no Cinemark do Shopping Eldorado
Classificação: não indicado a menores de 14 anos
Avaliação: ótimo



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