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"Consumo" encerra ano de mostras
free-lance para a Folha
O que fazer se seu filho ou neto afirmar, diante de um Portinari no museu, que é aquele do
copo de requeijão? Ou, ao deparar-se com uma tela de Tarsila do Amaral, dizer que é
aquela da lata de leite em pó?
Uma reflexão sobre essas distorções da vida pós-moderna é
a proposta da última exposição
de 99 do Itaú Cultural.
O eixo temático do instituto
durante todo o ano foi a relação
entre cotidiano e arte. A duas
primeiras exposições "Objeto,
Anos 90" e "O Objeto, Anos 60-90" mostraram quanto o cotidiano invadiu a arte, por meio
de obras de arte que incorporavam objetos do dia-a-dia.
A elas seguiu-se "A Técnica",
que mostrava como a arte incorpora a tecnologia. Com a
mostra "O Consumo", a idéia é
evidenciar como a arte invadiu
o cotidiano, sendo democratizada. "A roupa feita com estampa assinada por um artista
ou o caderno que reproduz
uma pintura são objetos artificados", afirma Ricardo Ribenboim, diretor do instituto.
Segundo ele, não se trata de
um esvaziamento do estatuto
da arte, mas de sua diluição.
A mostra está dividida em
cinco módulos. Um deles, "Beba Mona Lisa" sintetiza o questionamento que permeou as
atividades do Itaú Cultural este
ano. Nela vê-se a mão dupla
entre cotidiano e arte: o modo
como artistas apropriaram-se
de um produto de consumo, a
Coca-Cola, para produzir
obras de arte e a forma como a
sociedade do consumo apropriou-se de uma obra de arte, a
"Mona Lisa", para produzir
objetos massificados.
O módulo "Kitsch", com curadoria de Frederico Morais,
explora a mentira estética.
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