São Paulo, Quinta-feira, 18 de Novembro de 1999
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"Consumo" encerra ano de mostras

free-lance para a Folha

O que fazer se seu filho ou neto afirmar, diante de um Portinari no museu, que é aquele do copo de requeijão? Ou, ao deparar-se com uma tela de Tarsila do Amaral, dizer que é aquela da lata de leite em pó? Uma reflexão sobre essas distorções da vida pós-moderna é a proposta da última exposição de 99 do Itaú Cultural.
O eixo temático do instituto durante todo o ano foi a relação entre cotidiano e arte. A duas primeiras exposições "Objeto, Anos 90" e "O Objeto, Anos 60-90" mostraram quanto o cotidiano invadiu a arte, por meio de obras de arte que incorporavam objetos do dia-a-dia.
A elas seguiu-se "A Técnica", que mostrava como a arte incorpora a tecnologia. Com a mostra "O Consumo", a idéia é evidenciar como a arte invadiu o cotidiano, sendo democratizada. "A roupa feita com estampa assinada por um artista ou o caderno que reproduz uma pintura são objetos artificados", afirma Ricardo Ribenboim, diretor do instituto.
Segundo ele, não se trata de um esvaziamento do estatuto da arte, mas de sua diluição.
A mostra está dividida em cinco módulos. Um deles, "Beba Mona Lisa" sintetiza o questionamento que permeou as atividades do Itaú Cultural este ano. Nela vê-se a mão dupla entre cotidiano e arte: o modo como artistas apropriaram-se de um produto de consumo, a Coca-Cola, para produzir obras de arte e a forma como a sociedade do consumo apropriou-se de uma obra de arte, a "Mona Lisa", para produzir objetos massificados.
O módulo "Kitsch", com curadoria de Frederico Morais, explora a mentira estética.


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