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ILUSTRADA
Ator tem 14 anos e já trabalhou em programas infantis; Siro Darlan acusa emissora de agredir sua família
Filho de juiz não passa em teste da Globo
LAURA MATTOS
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
O filho de 14 anos do juiz Siro
Darlan, responsável pela execução da liminar que proíbe a participação de menores de idade na
novela "Laços de Família", já trabalhou em dois programas da
Globo e, em maio, participou de
um teste para atuar na programação infantil da emissora e não foi
selecionado.
Em entrevista ontem à Folha,
Darlan, que é titular da 1ª Vara da
Infância e Juventude do Rio de Janeiro, afirmou que acredita que a
Globo esteja querendo atingir sua
família. Ele se referia ao fato de a
notícia da participação de seu filho em teste da emissora ter sido
publicada no jornal carioca "O
Globo", que pertence às Organizações Globo.
"Isso é mais uma demonstração
de que essa emissora não respeita
as crianças", disse. "Meu filho é
ator desde os 8 anos, e nunca fiz
um pedido para ele, que tem talento e deve vencer pelos próprios
méritos."
A Central Globo de Comunicação (CGCom) confirma a participação do filho do juiz no teste,
mas afirma não ter nenhuma ligação com a nota publicada em "O
Globo". "A questão é muito
maior: é discutir censura. Não vamos envolver um menor que não
tem relação com a história", disse
Luís Erlanger, diretor da CGCom.
Darlan afirmou que está analisando com seu advogado alguma
medida contra a emissora. "Meu
filho chegou chorando ontem
(anteontem) em casa. Ele participa de um grupo de teatro e está
sofrendo represálias. Está sendo
chamado de filho do juiz da censura", disse.
"Eu espero qualquer ataque
contra mim. Estou até recebendo
ameaça de morte. Mas não admito que mexam com minha família", disse o juiz.
Darlan afirmou que não está relacionando as ameaças de morte
com a decisão de proibir a participação de menores na novela. "Só
estou dizendo que é muita coincidência", afirmou.
Darlan afirmou que seu filho fez
algumas participações em programas do humorista Renato
Aragão e da apresentadora Angélica. "Ele ter trabalhado na Globo
ou não ter sido selecionado para
algum programa não influencia
minha decisão. Mesmo que ele estivesse na novela, isso não poderia
atrapalhar minha isenção. É claro
que estaria impedido de dar parecer nesse caso, mas não iria influenciar a decisão de um colega."
OAB
O presidente nacional da OAB
(Ordem dos Advogados do Brasil), Reginaldo de Castro, classificou ontem de "autoritário e mal-educado" o juiz Siro Darlan.
Isso foi uma resposta a entrevistas concedidas pelo juiz em que
ele diz que vai dar de presente a
Castro um exemplar do Estatuto
da Criança e do Adolescente.
O juiz proibiu a participação de
crianças e adolescentes na novela
"Laços de Família", da Rede Globo, e o presidente da OAB havia
criticado a decisão.
Castro disse que vai enviar ao
juiz um exemplar da Lei Orgânica
da Magistratura, que estabelece limites às manifestações públicas
de magistrados em assuntos sob
julgamento.
"Com essa atitude autoritária,
ele (Darlan) não contribui em nada para a solução do agudo problema da infância e da juventude
no Brasil. Está simplesmente negando o direito e a oportunidade
de profissionalização para essas
crianças", afirma o presidente da
OAB em nota divulgada ontem.
A instituição chegou a classificar como censura a decisão.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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