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Crítica
Hurt dá rosto à inexistência em "Turista Acidental"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Macon Leary escreve guias
de viagem e detesta viajar. Ele
tem o rosto distendido e entediado de William Hurt. De certa forma, o papel em "O Turista Acidental" (HBO, 1h30;
classificação indicativa não informada) é o maior momento
de Hurt no cinema.
Porque em "O Beijo da Mulher Aranha", que lhe deu um
Oscar, seu personagem existe,
como em outros tantos em que
foi indicado. Aqui tudo é mais
difícil, pois é de inexistência
que se trata. Macon Leary não
tem o que fazer na vida, e a arte
do ator -e do diretor Lawrence
Kasdan- consiste em dar-lhe
vida, apesar de tudo.
Quanto a Kasdan, convém
lembrar que seu forte é a sensualidade. Desde "Corpos Ardentes" é o aspecto que mais
torna bem-sucedidos seus filmes bem-sucedidos. Sair-se do
desafio que era representar a
vida desse homem, seus impasses, seus vislumbres não era
coisa fácil. Uma aposta que levou sem entregar os pontos para os apelos habituais da indústria. Será por isso que desapareceu?
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