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OPINIÃO
Revolucionário do gênero, músico mantém aura de radical
FABRICIO VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O mundo do jazz foi sacudido, há cinco décadas, por
um saxofonista até então
desconhecido: Ornette Coleman. Munido de um saxofone de plástico, Coleman descortinou um novo cosmos sonoro que transformou os rumos da música negra.
Paralelamente ao pianista
Cecil Taylor, Coleman mudou a forma de fazer e compreender o jazz. Foi um de
seus primeiros álbuns, "Free
Jazz", uma longa peça dissonante de 37 minutos, gravada em dezembro de 1960,
que acabou por nomear o
som radical que começava a
ser praticado naquele tempo.
Sem a necessidade de temas ou de seguir padrões
convencionais de fraseado e
harmonia, o "free jazz" deixou os músicos livres para
criar sem regras e sem limites
preestabelecidos, sempre
com foco na improvisação
coletiva.
Para seus detratores, a verdade detrás das inovações de
Coleman era só uma: ele simplesmente não sabia tocar.
Nos anos 1970, para provar que também era capaz de
compor música "séria", escreveu uma peça sinfônica,
"Skies of America", gravada
pela London Symphony Orchestra.
Ainda nessa década, passou a explorar novas estruturas rítmicas que desembocaram em um estilo rotulado
como "free funk".
O inquieto músico gestou
uma discografia que se espalha por mais de 40 álbuns.
Todavia, desde meados dos
anos 1990, tem se mantido
afastado dos estúdios. Na última década, lançou apenas
"Sound Grammar" (2006),
captado em uma apresentação ao vivo.
No Brasil, se apresentará
com a mesma formação de
"Sound Grammar", acompanhado por dois baixistas e
bateria, conduzida por seu filho Denardo Coleman.
Apesar do reconhecimento dado recentemente à sua
criação artística -recebeu,
em 2007, os prêmios Pulitzer
e Grammy-, Coleman não
amansou sua sonoridade:
aos 80 anos, mantém a aura
de radical, pronto a causar
estranhamento no público
menos afeito a sons ruidosos e desarmônicos.
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