São Paulo, quinta-feira, 18 de novembro de 2010

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OPINIÃO

Revolucionário do gênero, músico mantém aura de radical

FABRICIO VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O mundo do jazz foi sacudido, há cinco décadas, por um saxofonista até então desconhecido: Ornette Coleman. Munido de um saxofone de plástico, Coleman descortinou um novo cosmos sonoro que transformou os rumos da música negra.
Paralelamente ao pianista Cecil Taylor, Coleman mudou a forma de fazer e compreender o jazz. Foi um de seus primeiros álbuns, "Free Jazz", uma longa peça dissonante de 37 minutos, gravada em dezembro de 1960, que acabou por nomear o som radical que começava a ser praticado naquele tempo.
Sem a necessidade de temas ou de seguir padrões convencionais de fraseado e harmonia, o "free jazz" deixou os músicos livres para criar sem regras e sem limites preestabelecidos, sempre com foco na improvisação coletiva.
Para seus detratores, a verdade detrás das inovações de Coleman era só uma: ele simplesmente não sabia tocar.
Nos anos 1970, para provar que também era capaz de compor música "séria", escreveu uma peça sinfônica, "Skies of America", gravada pela London Symphony Orchestra.
Ainda nessa década, passou a explorar novas estruturas rítmicas que desembocaram em um estilo rotulado como "free funk".
O inquieto músico gestou uma discografia que se espalha por mais de 40 álbuns. Todavia, desde meados dos anos 1990, tem se mantido afastado dos estúdios. Na última década, lançou apenas "Sound Grammar" (2006), captado em uma apresentação ao vivo.
No Brasil, se apresentará com a mesma formação de "Sound Grammar", acompanhado por dois baixistas e bateria, conduzida por seu filho Denardo Coleman.
Apesar do reconhecimento dado recentemente à sua criação artística -recebeu, em 2007, os prêmios Pulitzer e Grammy-, Coleman não amansou sua sonoridade: aos 80 anos, mantém a aura de radical, pronto a causar estranhamento no público menos afeito a sons ruidosos e desarmônicos.


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