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FOCO
"Guerra e Paz" de Portinari sai da ONU para restauro e turnê
SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO
Foram desmontados os
dois painéis da obra "Guerra
e Paz", de Candido Portinari,
que estavam instalados desde 1957 na sede das Nações
Unidas em Nova York. Eles
passarão por restauro e depois farão turnê pelo Brasil e
por países como a França.
São 28 peças de madeira
que formavam os murais, cada um com 14 metros de altura e 10 metros de largura, que
adornavam a entrada da Assembleia Geral da ONU.
Num projeto orçado em R$
7 milhões, bancados pelo
Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, os fragmentos de "Guerra e Paz" chegam ao Rio em
dezembro e serão montados
no Teatro Municipal, onde
foram expostos pela primeira
vez quando Portinari terminou todo o trabalho, em 1956.
"Meu pai nunca mais viu
os painéis, nunca esteve na
ONU", lembra à Folha o filho
do artista, João Candido Portinari. "Ele viu isso montado
só uma vez, no Municipal."
Depois da reinauguração
do teatro, os painéis serão
restaurados ao longo de quatro meses num ateliê aberto
ao público no palácio Gustavo Capanema, o antigo Ministério de Educação e Saúde
projetado por Le Corbusier.
Será removida uma camada de sujeira que se acumulou na superfície do quadro e
restaurados dois pontos em
que o pigmento se descolou
da madeira, o que, segundo
Portinari, deve devolver a vibração das cores aos painéis.
Essa foi a última obra em
grande escala do artista, que
morreu em 1962 intoxicado
pelas tintas. Portinari havia
sido proibido por médicos de
usar tinta a óleo e sabia que
corria risco de morte ao executar a obra para a ONU.
"Foi uma decisão consciente e coerente com toda
uma vida de militância", diz
o filho do artista. "Foram nove meses pintando e ele saiu
disso muito fragilizado."
ITINERÂNCIA
Por enquanto, o orçamento permite o transporte da
obra ao Rio e seu restauro,
mas o Projeto Portinari, liderado pelo filho do pintor,
busca recursos para levar os
painéis ao Museu Nacional
da República, em Brasília, e a
uma grande retrospectiva do
artista na Oca, em São Paulo.
Marcada para julho de
2011, a mostra paulistana teria os dois painéis e os 120 estudos para "Guerra e Paz"
que nunca foram exibidos.
Também está em estudo a
montagem dos painéis no
Grand Palais, em Paris. Em
2012, há planos de expor o
trabalho no Museu da Paz,
em Hiroshima, no Japão, e
depois em Genebra e Oslo, na
entrega do Nobel da Paz.
No ano seguinte, quando
os painéis serão devolvidos,
a ideia é fazer "uma grande
despedida" no Rio seguida
de uma montagem da obra
no MoMA, em Nova York.
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