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CRÍTICA
Produção tende à mão única
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local
Trata-se do mais ambicioso
entre os projetos de songbooks
de Almir Chediak, e, sendo assim, os oito volumes de Chico
Buarque estão coalhados de interpretações memoráveis.
Nesse rol incluem-se, antológicas, "Olhos nos Olhos" por Nana
Caymmi, "Rosa dos Ventos" por
Cida Moreira, "Apesar de Você"
por Beth Carvalho, "Futuros
Amantes" por Angela RoRo,
"Valsinha" por Zezé Gonzaga, o
fado "Tanto Mar" pela portuguesa Eugênia Melo e Castro
-não é coincidência o convescote de intérpretes mulheres;
Chico é o imperador delas.
Na reelaboração de arranjos,
alguns momentos também são
arrepiantes, como "A Banda"
com Dominguinhos e "Construção", contaminada de referências a Tom Zé (ausente) por José
Miguel Wisnik e Luiz Tatit.
É no diapasão arranjo/produção, mesmo, que o songbook
perde pontos -aliás, é o que
ocorre a cada projeto de Chediak, já virou rotina. O que ele
tem feito é agrupar canções importantes de autores importantes sobre (sob?) sua própria produção e os esforços de um grupo
meio constante de músicos.
O resultado é via de mão única.
Todos os autores vão sendo
adaptados a um estilo de produção e a um universo constante de
referências. Criadores importantes -Caetano, Gil, Gal, Bethânia, blablablá- são reduzidos a meras vozes. O tributo aí
parece ser a Almir Chediak, não
aos luminares da MPB.
Artistas de cor mais contemporânea -Lenine, Cris
Braun- se descaracterizam pelas insistentes leituras "MPBzinha"; quem fura o bloqueio
-como Chico César, em "Pedro
Pedreiro", ou Wisnik e Tatit-se
sai bem, muito bem, mas fica
perdido na multidão.
Percebem-se furos de elenco
(por que Paulinho da Viola, Jorge Ben Jor, Rita Lee e outros
muitos nunca participam?), que
vão sendo acomodados ao sabor
de outras virtudes -a acomodação intérprete/canção, aqui, é
das mais inteligentes, como na
corrente em que Angela Maria
tira "Bastidores" de Cauby Peixoto, que tira "Viver do Amor"
de Marlene, que tira "Não Existe
Pecado ao Sul do Equador" de
Ney Matogrosso...
Por aí, Sérgio Ricardo canta
"Angélica" aproximando Chico
de Caymmi, e Zeca Baleiro reinterpeta "Até o Fim" confrontando-o com o maldito Sérgio Sampaio -dialogam com (e até criticam) o criador, Chico Buarque,
e não o produtor. Seria histórico
se fosse sempre assim.
Coleção: Songbook Chico Buarque (8
volumes)
Lançamento: Lumiar
Quanto: R$ 20, em média, cada CD
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