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CINEMA
Comerciais ou cult, filmes sempre dizem besteira
FERNANDO MORGADO
especial para a Folha
O que há em comum entre "Titanic", o mais caro e lucrativo filme de todos os tempos, e "Plain 9
From Outer Space", o mais pobre
e escrachado filme da história de
Hollywood? A resposta é simples:
diálogos imbecis. Não importa
quanto dinheiro é gasto na produção, uma fábula ou uma ninharia, não faz diferença se quem o
escreveu está entre as mentes
mais hábeis e caras da indústria
ou não passa de um pobre diabo
sem qualquer inspiração.
Tolices, abobrinhas e clichês de
doer os ouvidos não são privilégio
de ninguém. Tanto são frutos de
intelectuais consagrados quanto
de Ed Wood, eleito o pior diretor
de cinema de todos os tempos.
"Plan 9 From Outer Space", escolhido como o pior filme da história, por exemplo, tem, entre muitas outras, esta pérola, dita por
um policial: "Uma coisa é certa. O
inspetor Clay está morto. Assassinado... E alguém é o responsável"!
Mas que pelo menos um pouco
de justiça seja feita ao tantas vezes
malhado Ed Wood. Ele não está
sozinho. O bilionário "Titanic"
também tem as suas besteiras.
Como esta, quando os dois jovens
apaixonados, Leonardo DiCaprio
e Kate Winslet, descobrem que o
inafundável navio chocou-se com
um iceberg e nosso herói perpetra: "Isso é mal".
Um mar de tolices
Até mesmo o espectador menos
atento se depara todos os dias, no
cinema, na TV, em vídeo, em
DVD, seja em que veículo for,
com diálogos de meter medo, de
tão ruins. E não estamos falando
de nossos filmes dublados, nos
quais as tolices abundam. É no
original mesmo. Pensando nisso,
um casal de escritores americanos, Ross e Kathryn Petras, escreveram o livro que todos nós, aficionados de cinema, gostaríamos
de ter escrito, se tivéssemos tempo, paciência e talento. Eles reuniram, ao longo de anos de pesquisa
o que chamam de "As 776 coisas
mais cretinas jamais proferidas
na tela de prata" e a juntaram no
livro "Stupid Movie Lines" (Diálogos Estúpidos no Cinema), recém-lançado nos Estados Unidos.
Mais cínicos e bem-humorados
que chocados com tanta imbecilidade recolhida ao longo de anos
de pesquisa e infindáveis sessões
de cinema, além de colaborações
de todo o mundo, Ross e Kathryn
fazem de seu livrinho, que mede
apenas 15,5 cm x 15,5 cm, uma
fonte inesgotável de gargalhadas.
Humor e tolices, por falar nisso,
são privilégio dos autores, que se
especializaram e já lançaram sete
outros livros tendo a estupidez
humana como tema.
Mas este último está destinado a
ser tornar um "clássico" do cinema. Na introdução, eles já oferecem um aperitivo para o leitor:
"Diálogos e textos ruins no cinema têm o dom de se repetir na
gente como azia. Algumas vezes,
o filme em si é bom, mas uma frase ruim se insinua nos diálogos e,
muito tempo depois de terminado o filme, permanece aquele gosto ruim que não vai embora como
uma batata frita velha numa ótima refeição. Este livro é nossa
obra de amor sobre a azia cinemática".
Avaliação:
Livro: Stupid Movie Lines
Autor: Ross Petras e Kathryn Petras
Editora: Random House
Quanto: US$ 9,95 (224 págs.)
Onde encontrar:
www.wordsworth.com e
www.amazon.com
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