São Paulo, sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

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TELEVISÃO

Crítica

Chaplin sobrepõe indústria com lirismo

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

"Tempos Modernos" (Futura, 23h30; livre) é um filme sem palavras. Um filme mudo, embora feito em 1936, porque Charlie Chaplin nunca admitiu que seu personagem Carlitos falasse.
Faz todo sentido, não só porque Carlitos é todo mímica, como porque Carlitos é um anacronismo. O mendigo cheio de nobreza, o fraco que vinga os fracos, o pobre que se orgulha da humildade: esse personagem não pode resistir aos tempos modernos -nem ao cinema falado.
O lirismo um pouco ingênuo do fulano, também vivido por Chaplin, que se apaixona pela florista cega e por quem a florista se apaixonará justamente por ser cega, por somente enxergar a alma da pessoa, não convém a uma era de maquinismo triunfante.
Carlitos sabe que a indústria não veio para servir ao homem, mas, ao contrário, para que ele a sirva.
Por isso dá aqui seu último e genial grito, misturando humor de primeira, sentimento e sentimentalismo, observação do mundo tal como visto da fábrica, pelo operário.


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