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Sutil Cia. faz "vestibular" para novo espetáculo
Grupo de Felipe Hirsch recebe quase 1.500 inscrições para processo de seleção
Companhia busca atores e profissionais de iluminação, figurino e operação de som, entre outros; conto de Mark Twain é ponto de partida
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
Corre à boca pequena nas coxias que os vestibulares de medicina, publicidade e relações
internacionais são "fichinha".
É que, fosse um teste para entrar na USP, o processo seletivo
da nova peça da Sutil Cia. seria
de longe o mais concorrido da
Fuvest 2010, desbancando os
cursos que lideram o ranking
oficial de candidatos por vaga.
Para integrar o elenco ou a
equipe de produção da companhia (de "A Vida É Cheia de
Som e Fúria" e "Avenida Dropsie"), um concorrente terá de
superar outros 54 -na faculdade de medicina da USP, cada
vaga tem 41,78 postulantes.
Vinte e seis postos estão em
disputa: cinco no elenco principal, três na figuração, seis no
estágio de atuação e 12 nos bastidores (assistência de direção,
iluminação e cenografia, para
citar alguns). Trezentas e cinquenta pessoas se inscreveram
na seletiva de Curitiba, onde a
companhia foi fundada e ensaia. A etapa de São Paulo -onde o espetáculo estreia, em 25/
3- fez o total subir para 1.450.
As audições acontecem hoje
e amanhã. Se as estatísticas do
"vestibular" da Sutil fazem
pensar nas peneiras de elenco
de musicais importados da
Broadway, as habilidades exigidas são de ordem bem distinta.
"Não vou pedir para que dancem na minha frente", brinca o
diretor Felipe Hirsch. "É uma
seleção sem pretensão. A ideia
é descobrir pessoas novas, conhecer jovens atores que tenham um perfil próximo ao da
Sutil. Ou seja, que coloquem a
arte em primeiro plano, apesar
de todas as dificuldades."
Ele ainda deixa escapar a dica: "Quem souber falar sobre
[os escritores americanos
John] Fante (1909-1983) e J.D.
Salinger está dentro".
Twain é "pavio" da peça
O último, aliás, aparece na bibliografia indicada à turma que
passará pelas audições: são dele
o conto "Um Dia Perfeito para
Peixe-Banana" e a novela
"Franny e Zooey".
Mas a montagem propriamente dita pouco terá a ver
com o autor de "O Apanhador
no Campo de Centeio". O núcleo duro da companhia, completado pela cenógrafa Daniela
Thomas, pelo iluminador Beto
Bruel e pelos atores Guilherme
Weber (que não estará no novo
espetáculo) e Erica Migon, desde novembro se debruça sobre
o conto "My Platonic Sweetheart" (meu amor platônico),
de Mark Twain (1835-1910).
Na história, um homem tem
o mesmo sonho por 40 anos:
uma menina de 15 sempre encontra o narrador, de 17. A voz
parece ser do próprio Twain,
que gostava de descrever com
minúcias as imagens que lhe
ocorriam no sono.
"É só um pavio", diz Hirsch,
avisando que, soprado pela memória emocional dos atores, o
rumo da peça pode ir parar a léguas de distância do conto.
Aos candidatos do "vestibular Sutil", um estímulo derradeiro: quatro ou cinco selecionados podem ser incorporados
em caráter definitivo aos quadros da companhia.
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