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Crítica/ "A Vida Íntima de Pippa Lee"
Diretora retrata protagonista em três momentos íntimos
Vaivém no tempo apresenta a personagem, que precisa se adaptar à mudança para nova cidade por causa do marido
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
Filha do dramaturgo Arthur Miller (1915-2005)
e mulher do ator Daniel
Day-Lewis, Rebecca Miller, 47,
precisa olhar para o espelho se
quiser reclamar das adaptações
de seus romances para o cinema: foi ela quem as escreveu e
dirigiu, dando origem a "O
Tempo de Cada Um" (02) e "A
Vida Íntima de Pippa Lee" (09).
Das distribuidoras brasileiras, ela talvez pudesse reclamar
dos títulos. No primeiro caso, a
versão em português não foge
tanto do sentido original, "Personal Velocity" (velocidade
pessoal).
Já o plural no título do segundo, "The Private Lives of
Pippa Lee" (as vidas privadas
de Pippa Lee), foi para o espaço
na tradução.
A ideia de "vidas" é crucial
para a história, que promove
vaivém no tempo para apresentar a protagonista, interpretada
por Madeline McNulty na infância, Blake Lively na juventude e Robin Wright Penn na maturidade (as duas últimas também estão no elenco de "Nova
York, Eu te Amo", outra estreia
da semana).
Aos 50 anos, Pippa Lee dá a
impressão de que atingiu a estabilidade emocional. Mulher
de um editor de livros (Alan Arkin) e mãe de dois jovens independentes (Ryan McDonald e
Zoe Kazan), ela precisa se
adaptar à mudança para uma
pequena cidade, feita em nome
da saúde do marido, bem mais
velho e decidido a se aposentar.
Enquanto flashbacks reconstituem como foi que a jovem
Pippa se aquietou para chegar
até ali, personagens fora do círculo familiar (em especial os interpretados por Winona Ryder
e Keanu Reeves) vivem situações que tornam o terreno novamente movediço. Miller, a
escritora, se movimenta muito
bem nele; Miller, a cineasta, um
pouco menos.
Entranhas
Diretora e roteirista também
de "Angela" (95), sobre as relações entre duas irmãs, e de "O
Mundo de Jack & Rose" (05),
sobre um pai (Day-Lewis) que
manteve a filha isolada do
mundo em uma fazenda, Miller
tem uma especial predileção
por observar entranhas familiares -que movem ainda as
protagonistas de "O Tempo de
Cada Um".
Seu olhar, visceralmente feminino, destaca a dificuldade
em lidar com papéis que a sociedade norte-americana atribui às mulheres e com desejos
que, sufocados, geram conflitos
e frustrações.
Inquietas, suas personagens
buscam saídas, mesmo que às
vezes não vislumbrem onde
elas se encontram.
A VIDA ÍNTIMA DE PIPPA LEE
Direção: Rebecca Miller
Com: Robin Wright Penn, Alan Arkin, Winona Ryder
Produção: EUA, 2009
Onde: Unibanco Arteplex Frei Caneca, Bristol, Cine Uol e circuito
Classificação: 16 anos
Avaliação: regular
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