São Paulo, sábado, 18 de dezembro de 2010

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Demissões revelam crise no MIS e Paço

Pelo menos 70 profissionais deixaram os museus em três anos alegando dificuldade em trabalhar com diretora

Daniela Bousso diz que "não há nada que possa ser provado" e secretaria pede averiguação de denúncias recebidas

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Uma onda de demissões, sendo três delas de alto escalão na última semana, trouxe à tona uma crise de gestão no Museu da Imagem e do Som e no Paço das Artes, ambos museus subordinados à Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo e sob tutela da mesma organização social.
Pediram demissão na semana passada Marcelo Bressanin, gerente técnico do MIS, Marcio Junji, coordenador de comunicação do MIS e do Paço, e Danilo Oliveira, gerente técnico do Paço.
São demissões que completam uma lista de mais de 70 profissionais que deixaram as instituições culturais nos últimos três anos, período que corresponde à gestão da diretora executiva do MIS e do Paço, Daniela Bousso.
Entre outros que optaram por abandonar seus cargos, estão a coordenadora de comunicação, Paula Kasparian, a ex-gerente técnica do Paço, Marcela Amaral, e o ex-gerente técnico do mesmo centro, Fernando Oliva.
Pelo menos quatro desses profissionais ouvidos pela Folha alegaram como principal motivo da saída de seus cargos a dificuldade em trabalhar com a atual diretora.
"Ela é uma péssima gestora", diz uma ex-funcionária que não quis ser identificada. "Saí de lá porque ou procurava um psicólogo ou um advogado para abrir um processo por assédio moral."

DENÚNCIA
Segundo apurou a Folha, uma denúncia anônima contra abusos de Bousso foi encaminhada a responsáveis pelos museus da Secretaria de Estado da Cultura, que então pediu ao conselho administrativo do MIS e do Paço que apurasse o ocorrido.
Um levantamento interno conduzido por um grupo de dez funcionários a pedido do conselho concluiu que 59% dos funcionários consultados consideraram "inadequada" a relação com Bousso, sendo que 54% desses apontam como "ofensiva" a conduta da atual diretora.
Em relatos resumidos nesse documento, obtido pela Folha, funcionários classificam Bousso como "desrespeitosa", "ameaçadora" e dotada de um caráter "autoritário" e "centralizador".
Ainda segundo o texto, "a referida diretoria exerce pressão coercitiva para que se corroborem relatos".
Segundo funcionários ouvidos pela reportagem, a dificuldade nas relações pessoais com a diretora também tem provocado problemas na gestão dos museus.
Relatos dão conta de dificuldade na hora de inscrever projetos em leis de incentivo, atraso no fechamento de catálogos e ações de divulgação e indefinição de planos de trabalho e exposições para os semestres seguintes.
Funcionários ainda apontam decisões erráticas da atual diretoria como um dos motivos pela dificuldade em atrair público aos museus, que recebem cerca de R$ 13 milhões anuais do governo.
Em 2009, levantamento mostrava que o MIS recebia em média 3.600 visitantes por mês -a Pinacoteca tem 50 mil visitas em média.


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