São Paulo, sábado, 18 de dezembro de 2010

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Livro expõe êxito de Dumont com balões

Obra contém fotos de voos de dirigíveis construídos pelo inventor e reproduz artigos seus em defesa do veículo

Construção de 14 balões conferiu prestígio ao aviador; Thomas Edison e Theodore Roosevelt quiseram conhecê-lo

MARCELO BORTOLOTI
DO RIO

No princípio do século 20, duas correntes distintas avançavam de forma paralela para o desenvolvimento do transporte aéreo.
Em uma ponta, estavam os inventores que acreditavam no sucesso de aparelhos mais leves que o ar, como os balões. Do outro, os que trabalhavam para o desenvolvimento de modelos mais pesados, os aeroplanos.
O brasileiro Alberto Santos-Dumont (1873-1932) foi um dos únicos que transitou bem nas duas vertentes. Embora a invenção do 14 Bis, e posteriormente do Demoiselle, máquinas mais pesadas que o ar, tenha lhe garantido a posteridade, suas primeiras conquistas aconteceram na seara dos balões.
Entre 1898 e 1905, ele construiu 14 balões que lhe renderam popularidade mundial, com prêmios internacionais e manchetes nos jornais da época. Santos-Dumont contribuiu de forma decisiva para o desenvolvimento desses veículos aéreos, sendo o primeiro a utilizar neles, com sucesso, um motor a gasolina e também sendo o primeiro a provar que era possível dirigi-los.
Um livro que está sendo lançado nesta semana, "Santos-Dumont e os Balões", de Rodrigo Moura Visoni, resgata esse aspecto do inventor, até hoje ofuscado pelos rumos que sua carreira e que o próprio desenvolvimento da aviação acabaram tomando.
O livro tem 300 fotografias, algumas inéditas, que registram seus feitos na área e o sucesso que fizeram na sociedade da época.
Uma das descobertas é um álbum com 70 imagens de seus voos, produzido em 1901 para comemorar a conquista do Prêmio Deutsch, quando o brasileiro conseguiu circundar de balão a torre Eiffel em 30 minutos. A façanha aumentou consideravelmente sua popularidade: gente como o inventor Thomas Edison (1847-1931) e o presidente americano Theodore Roosevelt (1858-1919) fizeram questão de conhecê-lo pessoalmente.
O livro também reúne dez artigos do inventor publicados em jornais dos Estados Unidos, França e Inglaterra e que não haviam sido traduzidos para o português. Nesses textos, escritos entre 1898 e 1905, Santos Dumont defende de forma fervorosa a utilização dos balões. "Ele fala de aspectos técnicos, mas se assemelha um pouco a Júlio Verne, apostando no avanço tecnológico", diz Visoni.
Em 1902, no periódico americano "The Inter Ocean", o brasileiro escreveu: "Acredito na viabilidade do dirigível. Não somente para fins esportivos ou de lazer, mas também para fins comerciais. Em dez anos, espero realmente que haja uma linha de aeronaves cruzando o oceano Atlântico".
Isso só aconteceu comercialmente na década de 1930. Então, Santos Dumont já havia voltado seus esforços para a produção dos aeroplanos, que se mostrariam mais rápidos e econômicos.
"Ele abandonou os balões quando já havia esgotado todas as possibilidades desse tipo de veículo. Mas suas conquistas nesta área foram muito importantes para a época", diz seu biógrafo, Henrique Lins de Barros.

SANTOS-DUMONT E OS BALÕES

AUTOR Rodrigo Moura Visoni
EDITORA Capivara
QUANTO R$ 160 (252 págs.)


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