São Paulo, sexta-feira, 19 de janeiro de 2001 |
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ROCK IN RIO Pavilhão 9 é o mais novo ex-grupo de rap ISRAEL DO VALE ENVIADO ESPECIAL AO RIO Preparem-se para a artilharia pesada. De gravadora nova, pela primeira vez uma multinacional, o Pavilhão 9 radicaliza na linha já insinuada em seu disco anterior, "Se Deus Vier Que Venha Armado", e caminha para ser o mais novo ex-grupo de rap da periferia paulista. Os manos vão chiar. O rap, fonte primária do grupo que ganhou notoriedade na grita contra o abuso de autoridade policial e o fosso social, aparece em segundo plano, com letras macias e base musical soterrada por uma massa sonora de inclinação hardcore, a mistura de metal e punk que tomou a Califórnia nos anos de 80 e 90 do século passado. Com isso, o canto falado "rapentista" agora ganhou melodia de se assoviar. Sem o capuz que cobriu por uma década o rosto do vocalista Ro$$i -agora grafando o nome como Rhossi-, o Pavilhão 9 parece não ter mais motivos para temer represálias da polícia, o argumento usado para justificar a omissão da identidade. A ida para uma grande gravadora, a Warner, é festejada pela banda como a grande chance de projeção para o grupo nascido há dez anos na região de Santo Amaro. "Compraram a gente, não a nossa personalidade. Tiveram respeito com a nossa história", diz Rhossi, um dos dois remanescentes da formação original. O núcleo principal da banda hoje é formado por ele e Doze (voz), Ortega (guitarra) e Marinho (baixo). "Reação", o disco novo, foi produzido por Tom Capone (também diretor artístico da gravadora) e vai para a rua com a faixa de trabalho -no jargão marqueteiro da indústria do disco, aquela que a gravadora, digamos, "ajuda" a tocar no rádio- já estourada. O clipe feito para a mesma música, "Trilha do Futuro", tem direção de João Araújo (que já fez trabalhos para, por exemplo, Charlie Brown Jr.). Ah! A banda toca hoje na noite metal do Rock in Rio. Será que os metaleiros também vão chiar? Folha - Vocês continuam com a
mesma liberdade que tinham como
independentes numa "major"? Ortega - A raiz de todas as idéias
veio da gente, desde a concepção
da capa, das músicas, das letras, o
trabalho vocal, tudo. Marinho - É lógico que tem alguma idéia a mais de marketing que
a gente não conhece muito... Folha - A retirada do capuz é uma
jogada de marketing? Folha - O capuz perdeu o sentido?
Quem ouve o novo CD percebe que
as críticas não são mais diretas como eram antes. Marinho - A gente fala a mesma
coisa, mas de outra forma. A gente quis fazer um disco com uma
cara mais positiva. Folha - O Pavilhão virou uma
banda pop? Marinho - A gente faz som. Não é
pop, não é rock, não é rap. É som
para mente e para o corpo. Folha - O Pavilhão ainda tem o
que dizer? Folha - Vocês continuam se sentindo membros do hip hop? Folha - O rap tá virando a música
da próxima moda? Rhossi - O rap tá crescendo. Como tudo que estoura, a tendência
é aparecer alguns oportunistas.
Mas não vejo nenhum mal em virar moda. Folha - Porque o Pavilhão é o único grupo de rap do Rock in Rio 3,
entre 151 atrações? |
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