São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

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ERUDITO NA MODA

Pano rápido na passarela da moda

MARCELO COELHO
COLUNISTA DA FOLHA

Pensei que fosse encontrar pessoas esquisitíssimas, usando bermudas de plástico e sapatos de tungstênio. Mas quem circulava pelo Pavilhão da Bienal não fugia da normalidade paulistana. Onde estariam as modelos espetaculares, as deusas de 13 anos?
Fui tomar um café. Enfim apareceu uma beldade: alta, rosto anguloso, cabelos longos, a maquiagem de mil cores destacando os olhos ávidos de fome e de fama. Olhei de novo, vi que era homem.
Outras surpresas: eu imaginava que desfiles fossem em lugares estreitos e compridos, como um corredor -o de Alexandre Herchcovitch foi num vasto quadrado, como um rinque de patinação. O piso de cimento do Ibirapuera, conhecido dos skatistas, fazia o papel de passarela.
Surgiram então umas boneconas de botas pretas altíssimas, como que tímidas, de olhar assustado, tentando parecer o mais vazio possível. Nenhuma aparentava arrogância, riqueza, pretensão; havia até as que não eram bonitas. Perninhas e bracinhos se soltavam de roupas bufantes, com roxos de abajur antigo; ou então de uma nuvem de tecidos leves, estampados. As modelos se sucediam, carregando a parafernália de zíperes dos sobretudos pretos, como se temessem cair de algum lugar onde o corpo já não estava mais. Eu começava a gostar, mas o desfile tinha acabado. Tudo durou uns 15 minutos. O tempo de uma moda.


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