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Reedições propõem Mário definitivo
Agir relança "Macunaíma", "Os Filhos de Candinha" e "Amar, Verbo Intransitivo'
Projeto foi coordenado por Telê Ancona Porto Lopez, da USP, que discorda do termo "edição definitiva'; livros serão lançados na segunda
EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL
A editora Agir lança na segunda em São Paulo três reedições da obra do poeta, romancista, crítico de arte, folclorista,
musicólogo e ensaísta brasileiro Mário de Andrade (1893-1945) a que chamam de "definitivas". "Macunaíma", "Os Filhos de Candinha" e "Amar,
Verbo Intransitivo" chegam às
prateleiras acompanhados de
um volume que compila depoimentos sobre o modernista,
"Eu Sou Trezentos, Eu Sou
Trezentos e Cincoenta", que
não será comercializado, e sim
distribuído entre bibliotecas,
professores etc.
O projeto de reedições foi
coordenado pela professora
Telê Ancona Porto Lopez, do
IEB-USP (Instituto de Estudos
Brasileiros da Universidade de
São Paulo). Lopez discorda do
termo "definitivo" dado aos
lançamentos.
"Isso não existe. Em nenhum
momento quisemos fazer texto
definitivo porque a criação do
artista está em movimento e
nós estamos sempre diante de
uma obra em progresso", diz
Lopez. "Um texto é sempre
muitos textos porque engloba
reformulações. E quem estabelece o texto faz escolhas. Além
do mais, a modernidade descobriu e nos mostra que tudo é
precário, contingente. Então
seria alta pretensão fazer um
texto definitivo. Outra pessoa
poderia fazer outra escolha. Dito isto, temos textos apurados,
resultado do confronto com
manuscritos e edições em vida
e edições críticas."
O editor Paulo Roberto Pires
também relativiza o "definitivo": "Estamos desaguando 40
anos de trabalho do IEB. É um
trabalho de equipe de mais de
uma geração, que começou
com Telê sendo aluna e orientanda do Antonio Candido,
passou para a própria Telê e
agora já está com seus alunos".
O projeto ocupou a equipe
por um ano e meio. O estabelecimento do texto de "Macunaíma" ficou a cargo de Lopez e
Tatiana Longo Figueiredo. "Os
Filhos de Candinha" ficou nas
mãos de João Francisco Franklin Gonçalves. E Marlene Gomes Mendes se ocupou do tratamento de "Amar, Verbo Intransitivo".
Depoimentos
O livro "Eu Sou Trezentos,
Eu Sou Trezentos e Cincoenta", título que alude a um poema de Mário de Andrade de
1929, traz 16 depoimentos de
contemporâneos do escritor,
originalmente reunidos em
1992, para uma exposição no
Centro Cultural São Paulo.
São textos como o de Gilda de
Mello e Souza, que conta como
a vida pessoal do escritor entrava em sua obra. De Antonio
Candido, que traça um panorama mais histórico. Ou Rachel
de Queiroz e Moacir Werneck
de Castro, que falam do Mário
de Andrade boêmio.
O lançamento festivo de hoje
terá leitura de trechos dos livros feitas pelo ator Pascoal da
Conceição. E escritores como
Marcelino Freire e André Laurentino lerão "e-mails" fictícios
para Mário de Andrade. Estes
"e-mails" estarão no ar a partir
de hoje à noite no site
www.mariodeandrade.net.
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