São Paulo, sábado, 19 de janeiro de 2008

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Reedições propõem Mário definitivo

Agir relança "Macunaíma", "Os Filhos de Candinha" e "Amar, Verbo Intransitivo'

Projeto foi coordenado por Telê Ancona Porto Lopez, da USP, que discorda do termo "edição definitiva'; livros serão lançados na segunda

EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL

A editora Agir lança na segunda em São Paulo três reedições da obra do poeta, romancista, crítico de arte, folclorista, musicólogo e ensaísta brasileiro Mário de Andrade (1893-1945) a que chamam de "definitivas". "Macunaíma", "Os Filhos de Candinha" e "Amar, Verbo Intransitivo" chegam às prateleiras acompanhados de um volume que compila depoimentos sobre o modernista, "Eu Sou Trezentos, Eu Sou Trezentos e Cincoenta", que não será comercializado, e sim distribuído entre bibliotecas, professores etc.
O projeto de reedições foi coordenado pela professora Telê Ancona Porto Lopez, do IEB-USP (Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo). Lopez discorda do termo "definitivo" dado aos lançamentos.
"Isso não existe. Em nenhum momento quisemos fazer texto definitivo porque a criação do artista está em movimento e nós estamos sempre diante de uma obra em progresso", diz Lopez. "Um texto é sempre muitos textos porque engloba reformulações. E quem estabelece o texto faz escolhas. Além do mais, a modernidade descobriu e nos mostra que tudo é precário, contingente. Então seria alta pretensão fazer um texto definitivo. Outra pessoa poderia fazer outra escolha. Dito isto, temos textos apurados, resultado do confronto com manuscritos e edições em vida e edições críticas."
O editor Paulo Roberto Pires também relativiza o "definitivo": "Estamos desaguando 40 anos de trabalho do IEB. É um trabalho de equipe de mais de uma geração, que começou com Telê sendo aluna e orientanda do Antonio Candido, passou para a própria Telê e agora já está com seus alunos".
O projeto ocupou a equipe por um ano e meio. O estabelecimento do texto de "Macunaíma" ficou a cargo de Lopez e Tatiana Longo Figueiredo. "Os Filhos de Candinha" ficou nas mãos de João Francisco Franklin Gonçalves. E Marlene Gomes Mendes se ocupou do tratamento de "Amar, Verbo Intransitivo".

Depoimentos
O livro "Eu Sou Trezentos, Eu Sou Trezentos e Cincoenta", título que alude a um poema de Mário de Andrade de 1929, traz 16 depoimentos de contemporâneos do escritor, originalmente reunidos em 1992, para uma exposição no Centro Cultural São Paulo.
São textos como o de Gilda de Mello e Souza, que conta como a vida pessoal do escritor entrava em sua obra. De Antonio Candido, que traça um panorama mais histórico. Ou Rachel de Queiroz e Moacir Werneck de Castro, que falam do Mário de Andrade boêmio.
O lançamento festivo de hoje terá leitura de trechos dos livros feitas pelo ator Pascoal da Conceição. E escritores como Marcelino Freire e André Laurentino lerão "e-mails" fictícios para Mário de Andrade. Estes "e-mails" estarão no ar a partir de hoje à noite no site www.mariodeandrade.net.


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