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28ª SÃO PAULO FASHION WEEK
Herchcovitch diz adeus ao underground
Coleção do estilista inspirada no Leste Europeu faz aposta ostensiva no luxo
ALCINO LEITE NETO
EDITOR DE MODA
VIVIAN WHITEMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Se o primeiro dia da SPFW
foi tomado por um desejo vanguardista, o segundo se dividiu
entre as apostas esportivas das
grifes Maria Bonita e Maria
Garcia e o luxo das coleções de
Reinaldo Lourenço e Alexandre Herchcovitch.
Herchcovitch, cuja grife faz
parte do abonado grupo InBrands, subiu vários degraus
rumo ao paraíso do luxo e praticamente disse adeus ao underground em sua nova coleção.
Preciosidade foi a palavra de
ordem dos looks, inspirados em
elementos folk e nas mulheres
do Leste Europeu: casacos em
tecidos nobres, saias e vestidos
de elaboração sofisticada, ultradecorados, e muita, mas
muita pedraria.
Elementos de estilo clássicos
de Herchcovitch apareceram
nos xadrezes, na estamparia,
nas correntes (feitas de madeira) e no corte austero de algumas peças. A imagem final, no
entanto, quase nada guarda do
visual "rebelde" que fez a fama
do estilista.
Reinaldo místico
Reinaldo Lourenço, que há
pouco se separou da estilista
Gloria Coelho, após 25 anos de
casamento, contou uma intrigante história sobre dever e recompensa, com viés religioso e
também militar.
As peças iniciais trazem imagens dos anos 40, que, aos poucos, dão lugar a looks com construções florais, que lembram
chagas no corpo.
O desfile passa para os looks
militares, com botas, zíperes,
muito preto e verde-oliva. De
repente, surge uma blusa com
enigmática inscrição em aramaico, a língua de Jesus.
Entra em cena um vestido
também de flores, o único em
amarelo vivo, como se simbolizasse um instante de iluminação. A partir daí, Reinaldo trabalha com a forma dos uniformes, em couro e pele, para depois desconstruir, em vestidos
com fitas, comendas e distintivos dados aos heróis de guerra.
Por fim, as fitas vão se desmanchando e dividem espaço
com rendas guipure, e o desfile
termina com novas flores, em
vermelho vibrante, numa evocação de imagens de santidade.
Foi uma exibição atípica, mística e misteriosa de Reinaldo, em
bom momento criativo.
Maria Bonita reverente
Na grife Maria Bonita, a inspiração veio de Lina Bo Bardi
(1915-1992), uma das principais arquitetas brasileiras e cuja obra foi abordada com bastante reverência pela estilista
Daniele Jensen.
Tanto respeito resultou numa interpretação um tanto literal e sem surpresa do trabalho
da arquiteta que projetou o
Sesc Pompeia, usado como cenário para o desfile.
Ressurgiram nos looks as estruturas geométricas em série,
o concreto aparente, os vãos, as
janelas e até os recursos paisagísticos, como as plantas e as
cercas vivas. As modelagens exploraram tais elementos em recortes charmosos, aberturas
nos ombros e nas costas, tecidos vazados e transparências.
O conjunto é sofisticado, mas
menos inventivo do que as coleções das últimas temporadas
da marca.
A grife jovem Maria Garcia
mostrou looks bastante charmosos, em que o streetwear
flerta com o chique. As peças
metalizadas, em ouro e prata,
se destacaram.
Com a top Lara Stone na passarela, a Forum Tufi Duek continua sua exploração da sensualidade feminina, agora sob o
comando do estilista Eduardo
Pombal. A grife apostou num
mix de couro, paetês, tafetá e
musselines e em silhuetas com
volumes localizados.
O resultado foi em geral correto, mas foi uma pena a marca
ter colocado a bonitona e curvilínea Lara para fechar o desfile
num modelito saia-barril.
ALEXANDRE HERCHCOVITCH
Avaliação:
REINALDO LOURENÇO
Avaliação:
MARIA BONITA
Avaliação:
MARIA GARCIA
Avaliação:
FORUM TUFI DUEK
Avaliação:
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