São Paulo, terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

28ª SÃO PAULO FASHION WEEK

Herchcovitch diz adeus ao underground

Coleção do estilista inspirada no Leste Europeu faz aposta ostensiva no luxo

ALCINO LEITE NETO
EDITOR DE MODA
VIVIAN WHITEMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Se o primeiro dia da SPFW foi tomado por um desejo vanguardista, o segundo se dividiu entre as apostas esportivas das grifes Maria Bonita e Maria Garcia e o luxo das coleções de Reinaldo Lourenço e Alexandre Herchcovitch.
Herchcovitch, cuja grife faz parte do abonado grupo InBrands, subiu vários degraus rumo ao paraíso do luxo e praticamente disse adeus ao underground em sua nova coleção. Preciosidade foi a palavra de ordem dos looks, inspirados em elementos folk e nas mulheres do Leste Europeu: casacos em tecidos nobres, saias e vestidos de elaboração sofisticada, ultradecorados, e muita, mas muita pedraria.
Elementos de estilo clássicos de Herchcovitch apareceram nos xadrezes, na estamparia, nas correntes (feitas de madeira) e no corte austero de algumas peças. A imagem final, no entanto, quase nada guarda do visual "rebelde" que fez a fama do estilista.

Reinaldo místico
Reinaldo Lourenço, que há pouco se separou da estilista Gloria Coelho, após 25 anos de casamento, contou uma intrigante história sobre dever e recompensa, com viés religioso e também militar.
As peças iniciais trazem imagens dos anos 40, que, aos poucos, dão lugar a looks com construções florais, que lembram chagas no corpo.
O desfile passa para os looks militares, com botas, zíperes, muito preto e verde-oliva. De repente, surge uma blusa com enigmática inscrição em aramaico, a língua de Jesus.
Entra em cena um vestido também de flores, o único em amarelo vivo, como se simbolizasse um instante de iluminação. A partir daí, Reinaldo trabalha com a forma dos uniformes, em couro e pele, para depois desconstruir, em vestidos com fitas, comendas e distintivos dados aos heróis de guerra.
Por fim, as fitas vão se desmanchando e dividem espaço com rendas guipure, e o desfile termina com novas flores, em vermelho vibrante, numa evocação de imagens de santidade. Foi uma exibição atípica, mística e misteriosa de Reinaldo, em bom momento criativo.

Maria Bonita reverente
Na grife Maria Bonita, a inspiração veio de Lina Bo Bardi (1915-1992), uma das principais arquitetas brasileiras e cuja obra foi abordada com bastante reverência pela estilista Daniele Jensen.
Tanto respeito resultou numa interpretação um tanto literal e sem surpresa do trabalho da arquiteta que projetou o Sesc Pompeia, usado como cenário para o desfile. Ressurgiram nos looks as estruturas geométricas em série, o concreto aparente, os vãos, as janelas e até os recursos paisagísticos, como as plantas e as cercas vivas. As modelagens exploraram tais elementos em recortes charmosos, aberturas nos ombros e nas costas, tecidos vazados e transparências. O conjunto é sofisticado, mas menos inventivo do que as coleções das últimas temporadas da marca.
A grife jovem Maria Garcia mostrou looks bastante charmosos, em que o streetwear flerta com o chique. As peças metalizadas, em ouro e prata, se destacaram. Com a top Lara Stone na passarela, a Forum Tufi Duek continua sua exploração da sensualidade feminina, agora sob o comando do estilista Eduardo Pombal. A grife apostou num mix de couro, paetês, tafetá e musselines e em silhuetas com volumes localizados.
O resultado foi em geral correto, mas foi uma pena a marca ter colocado a bonitona e curvilínea Lara para fechar o desfile num modelito saia-barril.


ALEXANDRE HERCHCOVITCH
Avaliação:     

REINALDO LOURENÇO
Avaliação:     

MARIA BONITA
Avaliação:     

MARIA GARCIA
Avaliação:    

FORUM TUFI DUEK
Avaliação:   




Texto Anterior: Hebe ficará internada até o fim da semana
Próximo Texto: Fumódromo vira "smoking lounge"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.