|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Chris Isaak vira rebelde em "Speak of the Devil"
da Reportagem Local
Está mudado o romântico incurável Chris Isaak. Dono do clássico
derramado "Wicked Game" (89),
o cantor e compositor faz de
"Speak of the Devil", seu CD mais
recente, o mais furioso de sua carreira.
Bem, é claro que "furioso" não é,
nunca, o termo mais adequado para definir Chris Isaak. Apenas
acontece que ele decidiu sujar os
timbres (quase) sempre delicados
de suas criações com uma dose pesada de rock "guitarrístico" em
"Speak of the Devil".
Chega a ser um desvio de direção. Ao longo de seis álbuns
-"Silvertone" (85), "Chris Isaak"
(87), "Heart Shaped World" (89),
"San Francisco Days" (91), "Forever Blue" (94) e "Baja Sessions"
(96)- ele preservara intactas doçura e delicadeza, com resultados
admiráveis nos dois últimos.
Em "Speak of the Devil", parece
querer se demonstrar "bad boy".
Não funciona. A doçura de voz (e
talvez a qualidade de intérprete seja a mais forte do artista) continua
compacta, mas soterrada sob uma
montanha de rock'n'roll.
"Please", que abre o disco, começa enganando. Chris vem mansinho, sedutor -parece que o velho
romântico está de volta. Mas logo
o mundo cai, e dá vontade -quem
diria- de tapar os ouvidos ao escutar mr. Veludo.
Acontece igualzinho na segunda
faixa, "Flying", em que a aspereza
aborta o vôo que aqueles falsetes
sempre ameaçam provocar. E vai
predominar na primeira metade
das 14 -14!- faixas.
Na segunda metade, a tempestade amansa, em "Don't Get So
Down on Yourself", "Lonely
Nights", não muito inspiradas, de
qualquer forma, ou "Black Flowers", uma flor no meio do matagal. OK, ele deve estar se sentindo
impelido a provar alguma coisa,
fazer o quê? O dileto discípulo de
Roy Orbison -e outros roqueiros
polpudos dos 50/60- deu de virar
rebelde já marmanjo. Depois passa.
(PAS)
²
Disco: Speak of the Devil
Artista: Chris Isaak
Lançamento: WEA
Quanto: R$ 18, em média
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|