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Última Moda
ALCINO LEITE NETO, em Paris - ultima.moda@grupofolha.com.br
Saint Laurent total
Maior retrospectiva já realizada da obra do estilista morto há dois anos reúne em Paris cerca de 300 looks criados entre 1958 e 2002
E a grande estrela da última
temporada de desfiles em Paris
foi... Yves Saint Laurent, que
morreu há dois anos, aos 71, vítima de um câncer no cérebro.
O estilista que ajudou a revolucionar a moda nos anos 60/
70 tomou conta da cena fashion
parisiense devido a uma portentosa exposição de sua obra e
ao lançamento de vários livros
a seu respeito, inclusive o emocionante "Lettres à Yves", do
empresário Pierre Bergé, 77,
companheiro de Saint Laurent
por 50 anos (leia nesta pág.).
Também está sendo publicado um álbum de luxo, em quatro volumes, com 1.282 croquis
do estilista. Chamado "Obra
Integral", tem uma edição de
apenas 500 exemplares e custa
2.100 (cerca de R$ 5.000).
A exposição foi aberta ao público no último dia 11 -e segue
até 29 de agosto. No primeiro
dia, antes mesmo da abertura
das bilheterias, uma longa fila
já se formara na entrada do Petit Palais. A espera para aceder
ao belo palácio levava cerca de
40 minutos.
Trata-se da maior retrospectiva já realizada do trabalho de
Saint Laurent, nascido na Argélia (então colônia francesa), filho de pais franceses. Em 15 salas, reúne cerca de 300 looks de
alta-costura, feitos entre os
anos 50 e 2002, quando ele se
despediu da moda.
Mas a ordem de exibição não
é rigorosamente cronológica. É
sobretudo temática e se concentra mais na criação do que
na biografia. Começa com os
vestidos trapézio e outras peças
para a maison Christian Dior,
cuja direção de criação Saint
Laurent assumiu em 1958, aos
21 anos -revelando-se um prodígio da alta-costura.
Um dos maiores espaços da
mostra chama-se "Revolução
dos Gêneros" e concentra as
roupas inspiradas no estilo
masculino. Estão lá os blazers,
as sahariennes e os tailleurs-pantallons da década de 60, que
explodiram as convenções do
guarda-roupa da mulher e introduziram a moda na nova era
feminista e do prêt-à-porter.
Na sala "Yves Saint Laurent e
as Mulheres" foram dispostas
roupas feitas para algumas das
principais amigas e clientes do
estilista, como Loulou de la Falaise, Paloma Picasso, Helène
Rochas, Diana Vreeland, Grace
Kelly, Lauren Bacall e Marie-Hélène de Rothschild.
A mais fiel dessas amigas, Catherine Deneuve, ganhou uma
sala especial, com dez looks, inclusive os que foram criados
para o filme "Bela da Tarde"
(1967), de Luis Buñuel.
Outras duas seções arrebatam os amantes da moda: "As
Viagens Imaginárias" e "No Espelho da Arte". Na primeira, estão peças de coleções baseadas
em vestimentas tradicionais e
exóticas de países como o Marrocos, a Rússia e a Índia.
A coleção africana é um assombro -e talvez impossível
de ser superada. Boa parte das
roupas dessa seção já foi vista
no Brasil, em exibição ocorrida
no Rio, há um ano.
"Espelho da Arte" traz exemplares de coleções que recriam
quadros e temas de pintores como Matisse, Van Gogh e Picasso. Nela está o vestido de jersey
de lã "Homenagem a Piet Mondrian", uma das roupas mais famosas de Saint Laurent.
Um paredão gigante encerra
a mostra, com 40 modelos de
smokings -outra ideia inédita
do estilista para as mulheres-,
criados entre 1966 a 2002.
Os looks mostrados são apenas uma pequena parcela do
acervo de 5.000 peças guardadas pela Fundação Pierre Bergé-Yves Saint Laurent. "Desde
o final dos anos 70, Saint Laurent arquivava tudo", disse a
curadora da exposição, Florence Müller. Inovador do estilo,
ele também foi um precursor
na criação de acervos de moda.
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