São Paulo, sexta-feira, 19 de abril de 2002

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TEATRO

"South American Way" e "Elis" estréiam em São Paulo e levam momentos da vida das duas cantoras para os palcos

Musicais retratam mito e mulher em Elis e Carmen

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os musicais biográficos, de dramaturgia mais acurada, conquistam a cena carioca como tendência desde meados dos anos 90. "Dolores", "Crioula" e "Cole Porter-°Ele Nunca Disse que me Ama", por exemplo, verteram para o palco, respectivamente, as trajetórias de Dolores Duran, Elza Soares e do músico americano Cole Porter.
Duas produções recentes, "South American Way" e "Elis", chegam hoje a São Paulo para cantar e contar momentos da vida de duas grandes vozes do cancioneiro nacional.
Carmen Miranda (1909-55), a Pequena Notável, está representada em "South American Way" por Stella Miranda e Soraya Ra- venle, em temporada no teatro Procópio Ferreira. O texto é de Maria Carmen Barbosa e Miguel Falabella, com direção deste.
Elis Regina (1945-82), a Pimentinha, surge em "Elis" por meio da interpretação de Inez Viana, no Centro Cultural Banco do Brasil. A dramaturgia é de Fátima Valença e Douglas Dwight. A direção, de Diogo Vilela.
A simultaneidade dos projetos em praça paulista confere com o estigma que costuma tatuar as grandes musas. Como Marilyn Monroe (1926-62), guardadas as proporções, Carmen e Elis oscilaram sucesso e vertigem pessoal. Inseguranças, desamores e tranquilizantes são pontos comuns.
"Depois de estudá-la, deu vontade de pegá-la no colo", diz Soraya Ravenle, 39, a Carmen Miranda na juventude, então Maria do Carmo, vendedora de chapéu que vivia a cantarolar na loja.
"Toda a sua brejeirice e a vitalidade natural desaparecem nos últimos filmes, quando surge como caricatura de si, infeliz", afirma Ravenle, que já interpretou a introvertida Dolores Duran.
Stella Miranda, que dirigiu musicais na mesma linha, interpreta o papel de Carmen nos períodos de auge e de decadência. "Ela foi preterida no Brasil, os EUA a engoliram, não deixaram ela ser o que queria", diz a melhor atriz dos prêmios Shell e Governador do Estado em 2001.
Há uma passagem em que Maria do Carmo e Carmen se encontram, justamente quando o mito ascende e a mulher sucumbe. Miranda e Ravenle treinaram o canto agudo de Carmen e seus erres puxados, na alegria e na dor.
Com registro vocal de mezzo-soprano, Inez Viana, 36, também mergulhou na vida de Elis Regina e quer traduzir a sensibilidade da voz e do caráter dessa mulher movida pela paixão. O pano de fundo é o show "Saudades do Brasil", realizado em 1980.
Momentos dos dez aos 34 anos de Elis são entrecortados por aproximadamente 40 canções. Os pais, seu Romeu e dona Ercy, os ex-maridos Cesar Camargo Mariano e Ronaldo Bôscoli, e amigos como Jair Rodrigues e Edu Lobo são transformados em personagens que pontuam os diálogos dramáticos.


SOUTH AMERICAN WAY. De: Maria Carmen Barbosa e Miguel Falabella. Direção: Miguel Falabella. Direção musical: Josimar Carneiro. Com: Germana Guilherme, Ryta de Cássia, Jorge Caethano, Jorge Maya. Onde: teatro Procópio Ferreira (r. Augusta, 2.823, tel. 0/xx/11/ 3082 2409). Quando: estréia hoje, às 21h; de qui. a sáb., às 21h; dom., às 18h. Quanto: de R$ 35 a R$ 80. Patrocinador: BR Petroquisa.



ELIS. De: Douglas Dwight e Fátima Valença. Direção e roteiro: Diogo Vilela. Direção musical: Cristóvão Bastos. Com: Jandir Ferrari, Malu Vale, Bebel Lobo. Onde: Centro Cultural Banco do Brasil -teatro (r. Álvares Penteado, 112, tel. 0/ xx/11/3113-3652). Quando: estréia hoje, para convidados, às 19h30; de qui. a dom., às 18h30. Quanto: R$ 15.



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