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TEATRO
"South American Way" e "Elis" estréiam em São Paulo e levam momentos da vida das duas cantoras para os palcos
Musicais retratam mito e mulher em Elis e Carmen
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os musicais biográficos, de dramaturgia mais acurada, conquistam a cena carioca como tendência desde meados dos anos 90.
"Dolores", "Crioula" e "Cole Porter-°Ele Nunca Disse que me
Ama", por exemplo, verteram para o palco, respectivamente, as
trajetórias de Dolores Duran, Elza
Soares e do músico americano
Cole Porter.
Duas produções recentes,
"South American Way" e "Elis",
chegam hoje a São Paulo para
cantar e contar momentos da vida
de duas grandes vozes do cancioneiro nacional.
Carmen Miranda (1909-55), a
Pequena Notável, está representada em "South American Way"
por Stella Miranda e Soraya Ra-
venle, em temporada no teatro
Procópio Ferreira. O texto é de
Maria Carmen Barbosa e Miguel
Falabella, com direção deste.
Elis Regina (1945-82), a Pimentinha, surge em "Elis" por meio da
interpretação de Inez Viana, no
Centro Cultural Banco do Brasil.
A dramaturgia é de Fátima Valença e Douglas Dwight. A direção,
de Diogo Vilela.
A simultaneidade dos projetos
em praça paulista confere com o
estigma que costuma tatuar as
grandes musas. Como Marilyn
Monroe (1926-62), guardadas as
proporções, Carmen e Elis oscilaram sucesso e vertigem pessoal.
Inseguranças, desamores e tranquilizantes são pontos comuns.
"Depois de estudá-la, deu vontade de pegá-la no colo", diz Soraya Ravenle, 39, a Carmen Miranda na juventude, então Maria do
Carmo, vendedora de chapéu que
vivia a cantarolar na loja.
"Toda a sua brejeirice e a vitalidade natural desaparecem nos últimos filmes, quando surge como
caricatura de si, infeliz", afirma
Ravenle, que já interpretou a introvertida Dolores Duran.
Stella Miranda, que dirigiu musicais na mesma linha, interpreta
o papel de Carmen nos períodos
de auge e de decadência. "Ela foi
preterida no Brasil, os EUA a engoliram, não deixaram ela ser o
que queria", diz a melhor atriz
dos prêmios Shell e Governador
do Estado em 2001.
Há uma passagem em que Maria do Carmo e Carmen se encontram, justamente quando o mito
ascende e a mulher sucumbe. Miranda e Ravenle treinaram o canto agudo de Carmen e seus erres
puxados, na alegria e na dor.
Com registro vocal de mezzo-soprano, Inez Viana, 36, também
mergulhou na vida de Elis Regina
e quer traduzir a sensibilidade da
voz e do caráter dessa mulher movida pela paixão. O pano de fundo
é o show "Saudades do Brasil",
realizado em 1980.
Momentos dos dez aos 34 anos
de Elis são entrecortados por
aproximadamente 40 canções. Os
pais, seu Romeu e dona Ercy, os
ex-maridos Cesar Camargo Mariano e Ronaldo Bôscoli, e amigos
como Jair Rodrigues e Edu Lobo
são transformados em personagens que pontuam os diálogos
dramáticos.
SOUTH AMERICAN WAY. De: Maria
Carmen Barbosa e Miguel Falabella.
Direção: Miguel Falabella. Direção
musical: Josimar Carneiro. Com:
Germana Guilherme, Ryta de Cássia,
Jorge Caethano, Jorge Maya. Onde:
teatro Procópio Ferreira (r. Augusta,
2.823, tel. 0/xx/11/ 3082 2409). Quando:
estréia hoje, às 21h; de qui. a sáb., às 21h;
dom., às 18h. Quanto: de R$ 35 a R$ 80.
Patrocinador: BR Petroquisa.
ELIS. De: Douglas Dwight e Fátima
Valença. Direção e roteiro: Diogo Vilela.
Direção musical: Cristóvão Bastos. Com:
Jandir Ferrari, Malu Vale, Bebel Lobo.
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil -teatro (r. Álvares Penteado, 112, tel. 0/
xx/11/3113-3652). Quando: estréia hoje,
para convidados, às 19h30; de qui. a
dom., às 18h30. Quanto: R$ 15.
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