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Crítica
Filme de Lang nos leva por uma fantasia dolorosa
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Desde que se inventou a hexogamia, essa deve ser a mais
terrível fantasia feminina: estar
ligada a um estranho, a alguém
que na verdade não conhece e
que passa a mostrar, pouco a
pouco, sua segunda natureza.
É nessa fantasia dolorosa que
se instalam "O Segredo da Porta Fechada" (Telecine
Cult, 20h10) e, claro, Fritz
Lang. Alguém mais além desse
alemão genial seria capaz de
tocar tão impiedosamente nesse tema? Alguém, fora ele, poderia captar tão bem a atmosfera de mistério implicada?
Claro, alguém dirá: Hitchcock. Sim, o inglês também genial era capaz de abordar essas
questões com engenho e arte.
Mas Hitch, aceitemos, também
era capaz de, depois de nos deixar atordoados, lançar uma espécie de "deixa pra lá" ou "isso
é só um filme" para aliviar a situação (como em "Suspeita").
Lang, mais amargo, recusava
essa aliviada.
Sem cerimônia, ele nos leva
ao coração do humano e, vale
dizer, leva também ao coração
das trevas.
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