São Paulo, quinta-feira, 19 de abril de 2007

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Crítica

Filme de Lang nos leva por uma fantasia dolorosa

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Desde que se inventou a hexogamia, essa deve ser a mais terrível fantasia feminina: estar ligada a um estranho, a alguém que na verdade não conhece e que passa a mostrar, pouco a pouco, sua segunda natureza.
É nessa fantasia dolorosa que se instalam "O Segredo da Porta Fechada" (Telecine Cult, 20h10) e, claro, Fritz Lang. Alguém mais além desse alemão genial seria capaz de tocar tão impiedosamente nesse tema? Alguém, fora ele, poderia captar tão bem a atmosfera de mistério implicada?
Claro, alguém dirá: Hitchcock. Sim, o inglês também genial era capaz de abordar essas questões com engenho e arte. Mas Hitch, aceitemos, também era capaz de, depois de nos deixar atordoados, lançar uma espécie de "deixa pra lá" ou "isso é só um filme" para aliviar a situação (como em "Suspeita"). Lang, mais amargo, recusava essa aliviada.
Sem cerimônia, ele nos leva ao coração do humano e, vale dizer, leva também ao coração das trevas.


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