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Coleção destaca elo entre o mar e o homem
Penúltimo livro de série da Folha chega às bancas no próximo domingo
Volume reúne fotografias de nomes como Édouard Boubat e Sebastião Salgado, que exploram o mar como pano de fundo da saga humana
DA REPORTAGEM LOCAL
O mar e toda a mística que o
liga ao imponderável, ao mistério e à aventura têm sido um tema recorrente na fotografia
desde os seus primórdios até os
dias de hoje, como mostra o 13º
e penúltimo volume da Coleção
Folha Grandes Fotógrafos, que
chega às bancas no próximo domingo, dia 26.
As 20 imagens em preto e
branco publicadas no livro são
de autoria de Josef Koudelka,
Édouard Boubat, Constantine
Manos, Jean Gaumy e do brasileiro Sebastião Salgado.
Todos fotógrafos documentaristas que em diversos trabalhos têm o mar como pano de
fundo da saga humana em busca do sustento, como rota de fuga de regimes opressivos, como
local ideal para reflexão ou para
o entretenimento familiar.
A capa do livro traz uma das
imagens mais conhecidas do
parisiense Édouard Boubat.
Realizada em 1956 em Nazaré,
em Portugal, um pai carrega
nos braços sua filha. A espuma
das ondas que chegam à areia
da praia recorta a silhueta de
ambos, atribuindo uma atmosfera que remete aos ciclos da vida, tendo o mar e seu movimento como a marca distintiva
do tempo.
Também na costa portuguesa, Édouard Boubat realizou,
em 1957, outra bela imagem na
qual vemos diversas pessoas
caminhando em direção ao mar
sob forte nevoeiro para encontrar uma embarcação que acaba de chegar. A forte granulação cria dois planos distintos na
cena com grande riqueza da gama de cinzas que remete aos
melhores momentos da fotografia de inspiração pictórica.
Em duas imagens de Koudelka, o mar surge como espaço da
contemplação um tanto quanto
desolada e intimista do homem, como se a partir de tal visão ele percebesse sua vulnerabilidade diante da monumentalidade do oceano, como na
imagem realizada no mar Negro, na Grécia, em 1997. A Grécia também é tema das duas fotos de Constantine Manos.
O francês Jean Gaumy, que
publicou em 2002 o livro "Pleine Mer", tem duas imagens de
pescarias realizadas no mar do
Norte. Uma delas é de grande
impacto: no primeiro plano, os
pescadores trabalham tranquilamente limpando os peixes,
enquanto, ao fundo, é possível
ver o mar extremamente revolto, fazendo a embarcação balançar a ponto de a imagem ficar ligeiramente tremida.
Tom épico
Das cinco imagens de Salgado no livro, três tratam da atividade de pescadores, entre as
quais se destaca o tom épico da
imagem de 1991 na Sicília. Sete
homens tentam içar um imenso atum até o barco, com respingos de uma onda que salientam ainda mais a dramaticidade da cena. Em outra imagem,
um céu tão escuro quanto a
areia da praia de Vung Tau, no
Vietnã, anuncia o desterro de
pessoas que chegam à terra firme fugindo do domínio comunista no Vietnã do Sul, em 1995.
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