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Crítica
Demme faz retrato preciso de pessoas
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
"O Casamento de Rachel"
(HBO2, 19h55; 16 anos) está
longe de ser, apenas, uma bela
atuação de Anne Hathaway,
que na verdade não faz, na história, o papel de Rachel, mas o
de Kym.
Rachel é a irmã que vai se casar. Kym é a que chega de uma
casa de reabilitação para drogados, a fim de participar da cerimônia.
E participar, no caso, é uma
palavra ambígua, cheia de
reentrâncias. Participar envolve o risco de, a cada instante,
pôr tudo a perder.
"O Casamento de Rachel" é
um pequeno filme bem material, no sentido em que se aproxima das coisas de que trata em
nível documental -é admirável, por exemplo, a cena dos
discursos familiares-, produzindo a partir do trivial essa
forte sensação de estranheza
que costuma marcar a intimidade forçada de dois clãs nesses momentos da vida.
Mais do que tudo, Jonathan
Demme fez aqui um retrato
preciso, não ideológico e sem
concessões, de pessoas dependentes. A ênfase, no caso, foi
para "pessoas".
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