São Paulo, segunda-feira, 19 de abril de 2010

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Crítica/CD/"Efêmera"

Voz singular faz da estreia de Tulipa Ruiz boa surpresa no cenário brasileiro

EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA

De tempos em tempos surgem cantores(as) que são corpos estranhos na música popular. Mais do que "exóticos", devido ao timbre "alienígena", nomes como Ney Matogrosso e Gal Costa são reconhecíveis até quando espirram. É dessa linhagem que faz parte Tulipa Ruiz.
Ela segue os bons exemplos ao não transformar o dom em mera exibição de virtuosismo. "Efêmera" é uma feliz conjunção de fatores.
Em tom lúdico, Tulipa revela-se compositora capaz tanto de criar imagens repletas de poesia, quando tende para a subjetividade, quanto cronista bem-humorada do cotidiano.
Tudo isso seria em vão se ela não contasse com uma banda e participações que sintetizam o melhor dos anos 60 para cá. Da geração anterior vem o pai de Tulipa, o guitarrista Luiz Chagas (do Isca de Polícia, que acompanhava Itamar Assumpção); da nova, o irmão, Gustavo (guitarrista e produtor), e Dudu Tsuda (piano) mostram conhecimento enciclopédico.
Mas não se trata de disco mofado, saudosista. Se o tropicalismo está na faixa-título, ele vem em releitura que olha para o futuro. "Pedrinho", sobre uma espécie de Macunaíma, é o elo perdido entre a MPB, a ópera e a eletrônica. "Às Vezes" lembra baladas disco que tocavam em FMs nos anos 80.
Pela variedade e riqueza musical, não soa assim tão absurda a denominação "pop florestal", que Tulipa conta em clima de piada em entrevistas.
(BRUNO YUTAKA SAITO)


EFÊMERA

Artista: Tulipa Ruiz
Lançamento: em maio pela YBMusic;
preço não definido
Avaliação: bom




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