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São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2003

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Setor ainda depende do governo

DO ENVIADO AO RIO

O governo continua a ser o fiel da balança do mercado editorial brasileiro. A pesquisa mais ampla sobre a saúde do livro no país, divulgada no sábado na Bienal do Rio, mostra que sem a presença do dinheiro público o balanço de 2002 teria sido ruim para o setor.
O estudo "Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro", antes chamado de "Diagnóstico do Setor..." aponta que, com as compras do Ministério da Educação incluídas, as coisas ficaram como estavam em 2001.
Houve queda ligeira de títulos editados, de 40.900 para 39.800, e aumento de 7% na quantidade de exemplares vendidos, totalizando 320 milhões de volumes comercializados no ano passado.
O faturamento das editoras, em compensação, foi para baixo. De R$ 2,27 bilhões para R$ 2,18 bi.
O levantamento, bancado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livro (Snel), deixa claro o papel preponderante do programa governamental PNBE, que comprou títulos gerais, não-didáticos, para esse segmento.
Essa área assistiu ao pulo do gato. Foi de 82 para 111 milhões de exemplares, aumento de 35% -e o governo comprou 40 milhões de títulos nesse campo.
Das áreas mais em baixa na nova pesquisa, a religiosa é a com maiores perdas de terreno. Vendeu 17% menos, apesar de leve crescimento no faturamento.
Os altos e baixos, mais para baixos, de modo geral não são interpretados como uma calamidade pelos dirigentes do setor. "Não diria que foi um ano muito ruim, talvez ruim. Só acompanhamos a erosão do poder aquisitivo do brasileiro", diz Roberto Feith, editora da Objetiva e diretor do Snel. "A queda das vendas em livrarias acompanha com fidelidade a retração do consumo de bens não duráveis."
O livro vive um cenário de topografia achatada na visão do presidente do Snel, Paulo Rocco. "Nos últimos anos não temos tido picos para o alto nem para baixo."
As perspectivas do setor para 2003 são de seguir na mesma toada. Com o anúncio por parte do ministro da Educação, Cristovam Buarque, da intenção de manter os programas de compra de livros da gestão Fernando Henrique Cardoso, e com os últimos resultados cambiais, fala-se até em uma pequena melhora para o mercado.
"Independentemente das pequenas quedas ou subidas, algo fundamental que acaba não sendo enfatizado nunca é que o mercado brasileiro tem hoje um tamanho impressionante. Produzimos mais que México, Colômbia e Argentina juntos", sustentou Bernardo Gurbanov, da Câmara Brasileira do Livro.
(CEM)


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