|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Peça põe "reality show" em suspense
DA REPORTAGEM LOCAL
Em tempos de método para tudo, um suposto diretor de manicômio prega a "libertação" dos
pacientes submetendo-os a uma
overdose de "reality shows", uma
terapia de 24 horas ininterruptas
de "espiações" e expiações.
Duas jornalistas vão entrevistar
o sujeito e, seguindo os modelos
de uma comunicação perversa,
aos poucos não se saberá quem é
quem na história.
"O Engenho da Loucura" é isso.
O diretor Maurício Paroni de Castro, 44, recorre a técnicas do teatro situacionista (ações em espaços públicos, às vezes para pouquíssimas pessoas, sem que sejam
anunciadas; uma derivação do
happening) e coloca seus atores
isolados por personagens televisivos. Loucos, segundo Castro, eles
provam que "os maiores loucos"
vivem exatamente fora do manicômio ou controlam o limite da
sanidade a favor de uma dominação social insana.
"A única coisa que podemos
contar é que não é espetáculo interativo e que a comicidade é muito singular", diz o diretor. A peça
entra em cartaz amanhã no teatro
Crowne Plaza, em SP.
"O funcionamento da perversão é muito simples. Trata-se de
excitar o mecanismo de segredo
que cerca o ato de assistir à "intimidade" dos outros pela televisão,
que se descobrem presos por uma
atividade aparentemente integrativa, porém de confinamento
real", argumenta Paroni de Castro. "As câmeras depois "reúnem"
os isolados. O "reality show" é o
isolamento de uma comunidade
inteira através dela mesma."
"Engenho" dá seqüência à pesquisa do diretor e da Cia. Atelier
de Manufactura Suspeita em torno do gênero "grand-guignol",
comédias de horror que surgiram
na França durante os anos 1920.
O ponto de partida para o novo
espetáculo foi o conto "O Sistema
do Dr. Alcatrão e do Professor Pena", do americano Edgar Allan
Poe (1809 1849). A dramaturgia
também é inspirada em vivências
e escritos dos atores.
"Engenho" é a segunda montagem do ciclo Manufactura Suspeita da Meia-Noite, que ocupa o
palco do Crowne Plaza às sextas-feiras.
"Farsas Libertinas" explorava
os limites do sadomasoquismo.
"Agora, a situação é mais de suspense", diz ele.
(VS)
O Engenho da Loucura
Dramaturgia, cenografia e direção:
Maurício Paroni de Castro
Com: Cia. Atelier de Manufactura
Suspeita (Bruno Kott, Cássio Santiago,
Cris Perón, Diego Ruiz, Elisa Band,
Fernanda Moura, Gianpaolo Köhler,
Roberta Youssef e Ziza Brizola)
Onde: teatro Crowne Plaza (r. Frei
Caneca, 1.360, tel. 0/xx/11/ 3289-0985)
Quando: estréia amanhã, à meia-noite;
sempre sex., à meia-noite. Até 25/6
Quanto: R$ 20
Texto Anterior: Montagem reúne em São Paulo cenas de três peças de Chico Buarque Próximo Texto: Dança: Coreografias contemplam angústias da vida Índice
|