|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bizarrice conquistou o Coachella
ENVIADO ESPECIAL A ÍNDIO (CALIFORNIA)
Cabia tudo no Coachella 2006:
rock, eletrônico, rap, Madonna.
Por que não uma formação bizarra de uma dupla fantasiada de
"Mágico de Oz", em que um cara
é DJ emulando as batidas à la Gorillaz enquanto o cantor de voz
anasalada parece ter acabado de
sair de um coral gospel?
O show da dupla Gnarls Barkley
no deserto da Califórnia foi isso
mesmo: um show. Cee-Lo consegue não parecer estranho fazendo
discurso alegre para depois emendar cantando soul music triste.
Danger Mouse tira de letra a tarefa de orquestrar, com seus beats
de hip hop underground, uma
banda de apoio que toca o que
vier da dupla, seja soul ou rock.
"Vocês querem um pouco de
rock'n'roll? Afinal, este não é um
festival de rock'n'roll?", lembrou
Cee-Lo ao público que lotou a
tenda onde eles tocaram, curioso
para ouvir ao vivo o marcante e
recordista single "Crazy".
Mas a hora era de rock e viria
"Gone Daddy Gone", o cover do
Violent Femmes, grupo do underground americano dos anos
80 que misturava indie com folk.
Cee-Lo põe ginga no rock e transforma a tenda em um bailão.
Gnarls Barkley representa um
frescor diferente na música pop,
essa que balança entre o rock e o
hip hop e flerta com soul e r&b.
Esse melê sonoro é enfeitado pela
voz própria de Cee-Lo, que realmente passa sinceridade no que
está cantando, seja nos momentos animados ou em trechos
amargos do tipo "I have tried
everything but suicide/ and it's
crossed my mind / but I'm fine",
da canção "Just a Thought".
O hit "Crazy" veio acelerado,
mais rock que soul, no final da
apresentação. A platéia mostrava
uma cumplicidade impressionante. Por um momento, ao sair
da tenda, a pergunta era diferente
da do começo do texto: quem
eram aquelas bandas de rock, hip
hop, eletrônico e Madonna no
festival do Gnarls Barkley?
(LÚCIO RIBEIRO)
Texto Anterior: Supermouse e seu amigo Próximo Texto: Mônica Bergamo Índice
|