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TEATRO
Roteiro de Luiz Antônio Martinez Corrêa é inspirado em opereta
Paulo Betti estréia na direção de musicais
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Em duas apresentações gratuitas que fez no Sesi Sorocaba, no
início da semana, Paulo Betti, 53,
teve uma prova do potencial do
espetáculo "A Canção Brasileira",
que estreou no Rio em 2005 e chega para curta temporada paulistana no Sesc Santana. "É uma peça
absolutamente popular, um delírio", diz o ator, que assina seu primeiro musical.
A exultação tem a ver com o
mote, o rapto de uma personagem carismática, a recém-nascida
Canção Brasileira, por um trio de
chorões: Violão, Cavaquinho e
Flauta. Eles a levam para o morro
e propõem um divertido inventário das suas influências, de modo
a evitar a contaminação estrangeira, como o assédio da Valsa e
do Fado.
No entanto, não tem jeito: a
Canção desce o asfalto e se enamora do Tango. O texto de teatro
de revista de Luis Iglesias e Miguel
Santos estreou em 1933 e trazia,
no elenco, Vicente Celestino e Gilda de Abreu, artistas que terminaram se casando em cena.
Na linha dos sucessos
A montagem que vem à luz agora é a versão do roteiro de Luiz
Antônio Martinez Corrêa (1950-1987), diretor assassinado a facadas num apartamento do Rio. Ele
vinha de sucessos com o gênero,
como "Theatro Musical Brazileiro - Parte 1 (1860/1914)", de 1985, e
"Theatro Musical Brazileiro - Parte 2 (1914/1945)", de 1986, sempre
em parceria com Marshall Netherland.
A dupla já tinha planos para a
montagem da opereta "A Canção
Brasileira" (a opereta é um tipo de
teatro musicado, leve, que entrelaça diálogos).
O roteiro deixado por Corrêa
não estava completo, faltavam as
partituras das músicas compostas
por Henrique Vogeler (1888-1964), alemão radicado no Brasil.
O processo de resgate foi parcimonioso. Primeiro, a irmã do diretor, Maria Helena Martinez, encontrou o roteiro. Em 1994, ela foi
procurada por French Gomes da
Costa, antigo freqüentador do
teatro musicado, que assistiu à
primeira montagem de 1933 e tinha cópia da partitura original.
"Depois da morte do Luiz Antônio, eu ficava na praça Tiradentes
[no Rio], à noite, conversando
com as pessoas que andavam por
ali sobre os musicais e o teatro
brasileiro. Uma vez, comentei que
não conseguia achar essas partituras. Até que French apareceu
em frente à minha casa e me deu
de presente todas as partituras do
espetáculo. Considero isso um
milagre", afirma Maria Helena,
82, que também colaborou na
adaptação -ela é irmã ainda de
outro diretor teatral, Zé Celso, do
Oficina.
Em cena, são três músicos e 14
atores, entre eles Édio Nunes,
Wladimir Pinheiro, José Mauro
Brant, Erom Cordeiro e Juliana
Betti. Depois de São Paulo, o espetáculo seguirá para Santos, Campinas, Santo André, Bauru e Poços Caldas.
Pelo resgate popular, "A Canção
Brasileira" faz coro com outra
produção carioca em cartaz na cidade, "Otelo da Mangueira", no
Sesc Anchieta.
A Canção Brasileira
Quando: estréia hoje, às 21h; sex. e sáb.,
às 21h, e dom., às 19h. Até 28/5
Onde: Sesc Santana - teatro (av. Luiz
Dumont Villares, 579, tel. 0/ xx/11/6971-8700)
Quanto: R$ 10
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