São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2008

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"De tudo o que fiz, só pediam o Indiana"

Spielberg diz ainda que se esforçou para não deixar vazar o roteiro; parceira vê herói como "um sapato velho confortável'

Após 19 anos, arqueologista ganha colega motoqueiro, reencontra par romântico do primeiro filme e enfrenta a vilã russa Cate Blanchett

François Guillot/France Presse
Os grisalhos Steven Spielberg, George Lucas e Harrison Ford (da esq.) na França


PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA, EM CANNES

É bom para Cannes, é bom para Hollywood. Todo ano, ao menos um blockbuster da temporada de verão do cinema americano tem pré-estréia mundial no festival que movimenta o balneário francês.
Assim, Cannes garante doses de glamour e tensão, enquanto os estúdios ganham prestígio e economia de promoção -o festival reúne cerca de 4.000 jornalistas e é o segundo evento mais midiatizado do planeta depois dos Jogos Olímpicos.
Desta vez, porém, o grande evento não foi um mero filme-pipoca como "Treze Homens e um Novo Segredo" (2007) ou "O Código Da Vinci" (2006), e sim o quarto capítulo de "Indiana Jones", o "Cidadão Kane" das franquias, na definição do jovem ator Shia LaBeouf.
LaBeouf, as atrizes Cate Blanchett e Karen Allen e o astro Harrison Ford concederam entrevistas à Folha e a mais 11 jornalistas em evento organizado pela Paramount, no sábado, para promover em Cannes "Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal". Só um dia depois foi exibido o filme, que tem estréia mundial nesta quinta. Há muito não se via uma multidão tão grande na frente do Palácio dos Festivais.
É notório o esforço dos grandes estúdios para gerar expectativa em torno dos blockbusters e evitar críticas antecipadas, mas o intervalo de 19 anos entre o último filme da série ("Indiana Jones e a Última Cruzada", de 1989) e a aventura tardia fez de "Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal" um caso emblemático.
Neste período, Harrison Ford chegou aos 65 anos, Indiana Jones virou uma espécie de vovô dos blockbusters, a pirataria passou a apavorar Hollywood e a internet revolucionou a forma como as informações viajam. Estaria "IJ4" chegando tarde demais?
"Não deixamos o roteiro circular, nos esforçamos para manter entre nós. Desde o terceiro filme tenho sido cobrado para fazer um novo. De tudo o que fiz, só me pedem novas aventuras do E.T. e do Indiana. Ninguém pede continuações de "A.I.", de "A Volta do Capitão Gancho'", diz Spielberg.

Fotos e crítica
"IJ4" foi alvo de vários incidentes. Durante a montagem, o escritório da produção foi invadido e 300 fotos de cena foram roubadas e oferecidas a um site (a Paramount conseguiu recuperá-las a tempo). Há poucos dias, uma crítica negativa, supostamente escrita por um projecionista que viu o filme numa sessão para exibidores, entrou no ar no site Ain't It Cool News e desapareceu misteriosamente horas depois.
O ator Shia LaBeouf, 21, nascido cinco anos após a primeira aventura de Indiana Jones, diz entender os dois lados da moeda. "Spielberg quer manter a magia do cinema, que inclui o prazer da descoberta pelo público. Mas eu mesmo sou blogueiro, adoro ler o Ain't It Cool News, então entendo a curiosidade em torno do filme."
O jovem vive um personagem cuja história foi mantida sob sigilo, um motoqueiro à James Dean, parceiro de Indiana na busca pela caveira de cristal que nomeia o filme. No caminho, o herói reencontra Marion (Karen Allen, seu par romântico em "Os Caçadores da Arca Perdida") e enfrenta uma vilã russa (Cate Blanchett).
Allen resume bem a permanência de Indiana Jones por todos esses anos. "Tive a sensação de que o tempo não passou. Indiana me seguiu como uma sombra, um sapato velho que a gente encontra perdido no armário e que ainda é deliciosamente confortável. Acho que o público sente isso também."
Cate Blanchett diz que superar o deslumbramento foi difícil. "Quando você tem um Harrison Ford no set, não precisa de mais nada. Ele é um modelo de filmes de aventura."


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