São Paulo, quarta-feira, 19 de maio de 2010

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Crítica/"5 x Favela"

Produção de Cacá Diegues é reação a estereótipos

DA ENVIADA A CANNES

"5 x Favela: Agora por Nós Mesmos" é um filme-reação.
Ele reage, de câmera erguida, aos estereótipos que os moradores das favelas trazem colados a si. Às imagens violentas que o cinema e a TV brasileiros difundiram como sendo únicas.
Os cinco curtas retomam um projeto de 1962, nascido com os ideais dos movimentos de cultura popular, de entregar câmeras a quem não tinha. Graças ao digital e ao sucesso de projetos como AfroReggae e Nós do Morro, a utopia tornou-se possível. Com este filme, prova-se eficaz.
Sob a tutela de Cacá Diegues, um dos autores do "5 x Favela" original, os jovens diretores que estudaram audiovisual em suas comunidades mostram domínio de uma linguagem que, durante muitos anos, lhes foi negada.
O filme é fruto de projetos sociais que formaram diretores e atores. Mas não é isso que o faz ter qualidade.
O frescor de "5 x Favela" vem do talento dos jovens envolvidos no projeto e da proposta que os moveu: o desejo de mostrar que a vida na favela é também comum.
Em apenas um dos curtas, "Concerto para Violino", há tiros e sangue - mesmo assim, o olhar que os diretores dirigem aos personagens é o da amizade. Mesmo quando o tráfico se avizinha, em "Fonte de Renda" e "Deixa Voar", não é o centro da história.
E totalmente distante da violência, sem que isso signifique alienação, estão os divertidos "Arroz com Feijão" e "Acende a Luz" - o melhor dos filmes.
(ANA PAULA SOUSA)


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