São Paulo, quinta-feira, 19 de maio de 2011

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Cinema de autor flerta com o terror

Novo filme de Almodóvar, que será exibido hoje em Cannes, chama a atenção para a onda europeia do gênero

Cineasta espanhol diz ter usado "a estética do filme de terror" em "La Piel que Habito", que tem Antonio Banderas

ANA PAULA SOUSA
ENVIADA ESPECIAL A CANNES

O terror, gênero que faz girar a engrenagem de Hollywood há várias décadas, parece ter conseguido assento permanente nos festivais de cinema da Europa.
Nas três principais vitrines do chamado cinema de autor -Cannes, Veneza e Berlim-, o horror, seja ele mais ou menos explícito, foi contemplado em todas as seleções entre 2010 e 2011.
Mas nenhum dos títulos chamou tanto a atenção para a invasão desse gênero no terreno dos filmes de arte quanto a presença de "La Piel que Habito", de Pedro Almodóvar, na competição do Festival de Cannes.
O filme, que terá a primeira exibição hoje e traz Antonio Banderas e Marisa Paredes no elenco, foi definido, pelo cineasta espanhol, como um trabalho que usa "a estética do filme de terror".
"La Piel que Habito" conta a história de um cirurgião plástico (Banderas) que, desde a morte da mulher num acidente de carro, ficou obcecado pela ideia de criar em laboratório uma "nova pele" que, se existisse, teria sido capaz de salvá-la.
No mercado de filmes, que traz milhares de distribuidores e produtores para a Riviera Francesa, foi exibido "Derrière les Murs" (atrás dos muros), anunciado como o primeiro filme francês de horror em 3D.
O que começa a ser chamado, no mercado, de "horror autoral", foi sendo construído, nos últimos cinco anos, com filmes produzidos com pouco dinheiro e lançados de modo independente.
Ao contrário de vários dos filmes de arte europeus que, mesmo saindo dos festivais com prêmios, pouco viajam pelo mundo, o filme de terror tende a cativar com mais facilidade o público no exterior.
Exemplos disso são o norueguês "Dead Snow", sobre zumbis nazistas, o francês "Martyrs", o espanhol "Rec" e o sueco "Deixe Ela Entrar".
Este último, que é quase um subgênero, o dos filmes de vampiro, foi o primeiro dessa safra a ter um remake nos EUA.
Mas, a julgar pelos acordos que têm sido divulgados pelas revistas especializadas, como "Variety" e "Screen", outros remakes virão e outras grifes vão aderir ao gênero.
Jim Jarmusch, por exemplo, anunciou aqui que fará um filme sobre uma mãe e uma filha vampiras.
A diferença entre o horror hollywoodiano e o europeu é que este último tende a ser mais pessoal e, não raro, tem o distúrbio psicológico como mote.


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