UOL


São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O MUNDO DE BACO

Gaúchos desenvolvem novo pólo vitivinícolo

JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA

Buscando um bom equilíbrio custo-qualidade, a indústria vitivinícola do Rio Grande do Sul está expandindo seus vinhedos fora da Serra Gaúcha, seu reduto tradicional.
A Chandon, braço tupiniquim da casa francesa Moët-Chandon, implantou no ano 2000 40 hectares de vinhedos, em Encruzilhada do Sul, região localizada entre Porto Alegre e a fronteira com o Uruguai, a cerca de 250 quilômetros ao sul de Garibaldi, base da empresa.
Para Philippe Mével, enólogo da Chandon, os custos da terra na serra alcançaram níveis assustadores (R$ 100 mil por hectare contra R$ 3.000 em Encruzilhada). Quanto ao clima, o terreno aberto da região permite uma boa ventilação das parreiras (o que ajudaria na qualidade da fruta). "Mas ainda é preciso avaliar os resultados", diz Mével.
Custo também foi um dos pontos considerados por João Valduga, da Casa Valduga, para investir em Encruzilhada. A casa do Vale dos Vinhedos comprou lá cem hectares, 40 dos quais já com videiras. Valduga, porém, mostra expectativas com a qualidade. "A região deve dar vinhos (tintos) com mais cor e estrutura (que os da serra)", arrisca.
A Angheben é outra vinícola com vinhedos naquelas bandas. Eduardo Angheben também diz crer que a região é uma boa área para tintos por oferecer "mais dias limpos [as chuvas no verão costumam ser um problema na serra], permitindo maturação mais adequada das uvas".
A Salton e a Miolo possuem igualmente projetos no Sul do Estado, mas na região de Bagé. A Salton tem uma parceria com a Associação Bageense de Fruticultores. Vinte e oito dos seus associados já plantaram 165 hectares de vinhedos. A Salton fornece mudas e materiais, um investimento, segundo Ângelo Salton, um dos donos da adega, de cerca de US$ 10 mil por hectare.
A Miolo adquiriu por lá a Fortaleza do Seibal, propriedade de 1.800 hectares, cem dos quais já com vinhas. Fabio Miolo, membro da família proprietária, diz esperar que cerca de 5 milhões de garrafas surjam de Fortaleza até o fim da década, ajudando a empresa a chegar à marca de 15 milhões de garrafas/ano, 20% delas dedicadas ao mercado internacional.


Texto Anterior: Gastronomia: "Gastrorromance" sempre existiu, afirma autora
Próximo Texto: Música: Especial revive efervescência do Zicartola
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.