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OUTRAS PALAVRAS
Ministro da Cultura fala de improviso
Gil defende sua gestão, responde a Caetano e Bethania e valoriza o erro
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
Com as páginas escritas do discurso nas mãos, o ministro da
Cultura, Gilberto Gil, pergunta:
"Leio ou falo [de improviso]?". A
platéia, que havia aplaudido efusivamente sua subida ao palco do
Museu da Imagem e do Som, em
SP, grita: "Canta!".
Às 22h30 de quinta, desiste de
fazer o que seria o nono discurso
sobre o lançamento do programa
de apoio e difusão de documentários brasileiros DocTV e improvisa um balanço de sua gestão, rebatendo críticas recentes feitas na
imprensa por Caetano Veloso e
Maria Bethania, que teria apontado a um jornal chileno imobilismo e falta de foco na pasta.
"Pela personalidade do ministro, o ministério tem a característica da pletora. Temos trabalhado
semeando. Separar o joio do trigo
é para depois da semeadura. Essa
dimensão trágica de nunca acabar, esse sísifo, é intrínseco."
Ao citar a necessidade de dar
atenção "a duas coisas contraditórias e no entanto simultâneas"
que são "a identidade e a diversidade cultural", o ministro citou:
"Aí vai o repórter e diz para o Caetano: "O ministro criou a Secretaria da Identidade Nacional, você
não acha isso absurdo?". E o Caetano: "É, sim, esse xenofobismo".".
Depois de reiterar que a nova
secretaria incorporada ao organograma do Ministério da Cultura trata da identidade e da diversidade cultural, o ministro seguiu:
"O maior descuido é descuidar de
tudo e de todos, de todas as partes. Temos de pensar holístico".
Quando citou que "alguém escreve que o ministério desconversa sobre a questão dos direitos autorais", Gil rebateu: "Não estamos
desconversando nada. Estamos
propondo outras conversas, sem
rejeitar as velhas".
O ministro afirmou que "é evidente que muita coisa que a gente
propõe não vai ser necessariamente boa", mas ressaltou a necessidade de "inventar alvos imaginários", sem o obrigatório compromisso de "acertar todos os alvos", para concluir: "Não queremos estar sempre certos. Queremos estar certos e errados. Queremos estar completos. Destampam-se, sim, todas as garrafas, para que todos os gênios saiam
delas".
Longamente ovacionado pela
platéia majoritariamente formada por profissionais do cinema,
Gil analisou seu próprio discurso,
dizendo haver contado com "o
auxílio luxuoso de um barroco
baiano, que carrego na alma, por
que não dizer, carrego nos genes".
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