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Verão tropical domina o terceiro dia
Passarela ganha cor e curvas nas criações de Reinaldo Lourenço, Cori, Água de Coco, V.Rom, Iódice e Cia. Marítima
ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA
JACKSON ARAUJO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O verão tropical toma conta da
São Paulo Fashion Week. Com
Reinaldo Lourenço e a marca de
moda praia Água de Coco, o verde das folhas e da Amazônia virou
tendência no terceiro dia de desfiles. O evento termina na terça, depois de mostrar 27 coleções no
prédio da Bienal, no Ibirapuera.
Um dos mais esperados do
evento, Reinaldo Lourenço abriu
o dia, exercitando-se de modo
criativo, num desfile conciso. Partiu da camisaria masculina para
trabalhar variações assimétricas
-sempre leves- da peça, em
branco, lembrando seus primeiros sucessos, nos anos 80.
O espírito dândi que apresenta a
coleção surge logo no início, nos
jovens e atuais fraques desconstruídos de maneira inteligente e
fashion, com contas indígenas
emprestando cor ao total look
preto, em calças e bermudas.
As listras vieram em seguida,
em vermelho, preto, branco e
azul. Mas não é o melhor do desfile. Ainda que bons resultados tenham sido obtidos com a nova
forma da calça, sarouel, a padronagem não empolga. O principal
momento viria mesmo depois,
com as sensacionais estampas em
folhagem verde e naquelas mais
escuras. Vão ser hit nos shorts
(item fundamental da temporada). Combinadas (ou descombinadas), formam o tal crash anunciado pelo estilista. O terninho
com nervuras desfilado por Carol
Francischini é um excelente
exemplo dessa parte.
Tanto que dá vontade de ver
mais disso, e menos da volta ao
preto que vem em seguida, com
os vestidos giletados do final.
Na Água de Coco, uma profusão de motivos tropicais ao som
de samba. O mais divertido são as
estampas com brilhos e patches
de arara, florestas, samambaias e
quetais, como na deliciosa melancia no vestido de Michelle Alves.
Na Cori, mais tropicalismos e
muita cor. É o verão alegre da
marca, sob a mão sempre precisa
de Alexandre Herchcovitch, com
os melhores momentos nas flores,
como na calça capri de cores lavadas, e nos ótimos scarpins com
plástico. As estampas são inspiradas na praia e no surfe (tendência
da estação novamente).
A Cori continua rejuvenescendo, nos shortinhos e nas fluidas
leituras do universo do masculino, que marca cada vez mais presença nas passarelas da SPFW.
As pantalonas e calças que sempre fazem parte do guarda-roupa
da Cori voltam em proporções
precisas, no branco, na alfaiataria.
O sexy aqui é inteligente e sofisticado, perfeito e controlado na
saia-lápis com blusinha lady usados por Simone Henke. É um reflexo da nova elegância da moda,
menos ostensiva, mais elaborada.
Com Alexandre Herchcovitch, a
inteligência está nos detalhes.
O momento mais absurdo da
noite foi o desfile da marca de moda praia Cia. Marítima, que contou com a nova diva Daniella Cicarelli e também com a modelo
Ellen Jabour, que ficou famosa como clone de Gisele, mas que substituiu -à altura- as curvas da
übermodel brasileira.
Na cadência dos rappers Fernandinho Beat Box, Rappin'Hood e Gaspar, do Z'África Brasil, a marca desfilou sua moda comercial com estampas florais, babados e tecidos tecnológicos emborrachados, tendências do momento. Mas quem se importa
com tendências na moda praia? O
importante é ficar gostosa, bonita
e desejada.
A V.Rom, dos estilistas Rogério
Hideki e Vitor Santos, adicionou
o elemento sexy que faltava em
suas coleções. A marca abriu o
desfile com um rápido strip-tease
da modelo Pietra, a bunda dos comerciais de cerveja no Brasil e a
próxima capa da revista "Playboy". Foi o suficiente para acordar a platéia.
A vontade de transgredir para o
lado B faz a V.Rom vir mais "errada" e mais "falhada". É disso que a
moda precisa. Vestida com look
original de playmate, a modelo
Ana Claudia Michels foi o momento fashion da noite. "Eu não
quero tirar essa roupa", dizia no
backstage após encerrar o desfile.
Usando a latinidade como tema, a Iódice desfilou seu verão de
inspiração "Toureiro Pop" fazendo bom uso do branco com bordados florais. Destaque para o
jeans masculino com flores laterais, para a jaquetinha e também
para os shorts, que remetem ao
calor mediterrâneo.
Na série de looks em chiffon
vermelho, o vestido e o maiô de
frufrus com estampa de poás em
pink são os mais legais. Dificilmente o verde vai ser consumido
pelas clientes da marca.
Carol Trentini encerra a apresentação com timing certo, usando look preto com chapéu de toureiro e capa de chiffon com bordados prata.
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