São Paulo, domingo, 19 de junho de 2005

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DVDTECA FOLHA

"O Talentoso Ripley" tem lançamento no próximo domingo

Minghella cria mentiroso entregue à sorte do destino

DA REPORTAGEM LOCAL

Indicado para cinco Oscars, incluindo o de roteiro adaptado e o de direção de arte, Urso de Ouro em Berlim e cinco Globos de Ouro, como os de direção e de filme, "O Talentoso Ripley" é o lançamento do próximo domingo da DVDteca Folha. Remetendo a um cinema glamourizado e com personagens fortes, este longa de Anthony Minghella conquistou a crítica e o público.
Minghella já tinha um currículo, ainda que curto, respeitável em Hollywood. Muito por seu filme anterior, "O Paciente Inglês", que ganhou nada menos do que nove Oscar, como os de melhor filme e de direção.
Neste "O Talentoso Ripley", o cineasta repetiu uma idéia modelar para conquistar a Academia: a de adaptar um texto renomado, no caso, o livro homônimo da autora norte-americana Patricia Highsmith (1921-1995).
Roteirista, ele fez algumas modificações em relação ao original, chegando até mesmo a não utilizar os diálogos presentes nos escritos e dando uma fragilidade ao personagem que, no romance, era extremamente calculista.
Tom Ripley (Matt Damon) é um mestre na arte da imitação que, meio por acaso, conhece o pai de Dickie Greenleaf (Jude Law). Este pede para ele ir à Itália resgatar seu filho. Lá, Ripley acaba se tornando um grande amigo do rapaz e também um obcecado admirador da boa-vida de Dickie, chegando a assumir seu lugar.
Essa vida, aliás, é muito bem representada pela ótima fotografia de John Seale, que filmou nas mais belas locações italianas, remetendo aos filmes clássicos filmados em technicolor. Há também o glamour de Gwyneth Paltrow (que faz a namorada de Dickie, Marge) e de Cate Blanchett.
No filme, Ripley vai se enrolando com suas mentiras, todas elas para se manter ao lado do amigo, pelo qual nutre uma paixão platônica. Antes de ser mau e planejar os mais hediondos crimes, Ripley é um sensível, meio entregue à sorte do destino. E também um ser que tenta entrar e ser aceito num mundo que não é o dele.
Esse lado homossexual do personagem é menos pronunciado não só no livro como, por exemplo, na primeira versão cinematográfica do texto, "O Sol por Testemunha" (1959), de René Clément, com um Alain Delon bem mais másculo no papel principal. Porque a grande questão, para Minghella, é falar sobre o drama do personagem, que não tem seu amor correspondido e se sente, o tempo todo, um excluído. "Esse é o drama de Ripley", disse o cineasta à Folha, em 2000.
Ótimo diretor de atores, Minghella deu a chance não só a Damon compor um personagem complexo como fazer Jude Law ser notado (e indicado para o Oscar de ator coadjuvante) pela mídia, filmando mais tarde com Steven Spielberg, por exemplo.
A música é outro diferencial, misturando jazz e música clássica e abrindo a guarda para Matt Damon cantar, com a própria voz, o clássico "My Funny Valentine", imitando o vocal do trompetista Chet Baker.


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