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DVDTECA FOLHA
"O Talentoso Ripley" tem lançamento no próximo domingo
Minghella cria mentiroso entregue à sorte do destino
DA REPORTAGEM LOCAL
Indicado para cinco Oscars, incluindo o de roteiro adaptado e o
de direção de arte, Urso de Ouro
em Berlim e cinco Globos de Ouro, como os de direção e de filme,
"O Talentoso Ripley" é o lançamento do próximo domingo da
DVDteca Folha. Remetendo a um
cinema glamourizado e com personagens fortes, este longa de Anthony Minghella conquistou a crítica e o público.
Minghella já tinha um currículo, ainda que curto, respeitável em
Hollywood. Muito por seu filme
anterior, "O Paciente Inglês", que
ganhou nada menos do que nove
Oscar, como os de melhor filme e
de direção.
Neste "O Talentoso Ripley", o
cineasta repetiu uma idéia modelar para conquistar a Academia: a
de adaptar um texto renomado,
no caso, o livro homônimo da autora norte-americana Patricia
Highsmith (1921-1995).
Roteirista, ele fez algumas modificações em relação ao original,
chegando até mesmo a não utilizar os diálogos presentes nos escritos e dando uma fragilidade ao
personagem que, no romance, era
extremamente calculista.
Tom Ripley (Matt Damon) é
um mestre na arte da imitação
que, meio por acaso, conhece o
pai de Dickie Greenleaf (Jude
Law). Este pede para ele ir à Itália
resgatar seu filho. Lá, Ripley acaba
se tornando um grande amigo do
rapaz e também um obcecado admirador da boa-vida de Dickie,
chegando a assumir seu lugar.
Essa vida, aliás, é muito bem representada pela ótima fotografia
de John Seale, que filmou nas
mais belas locações italianas, remetendo aos filmes clássicos filmados em technicolor. Há também o glamour de Gwyneth Paltrow (que faz a namorada de Dickie, Marge) e de Cate Blanchett.
No filme, Ripley vai se enrolando com suas mentiras, todas elas
para se manter ao lado do amigo,
pelo qual nutre uma paixão platônica. Antes de ser mau e planejar
os mais hediondos crimes, Ripley
é um sensível, meio entregue à
sorte do destino. E também um
ser que tenta entrar e ser aceito
num mundo que não é o dele.
Esse lado homossexual do personagem é menos pronunciado
não só no livro como, por exemplo, na primeira versão cinematográfica do texto, "O Sol por Testemunha" (1959), de René Clément,
com um Alain Delon bem mais
másculo no papel principal. Porque a grande questão, para Minghella, é falar sobre o drama do
personagem, que não tem seu
amor correspondido e se sente, o
tempo todo, um excluído. "Esse é
o drama de Ripley", disse o cineasta à Folha, em 2000.
Ótimo diretor de atores, Minghella deu a chance não só a Damon compor um personagem
complexo como fazer Jude Law
ser notado (e indicado para o Oscar de ator coadjuvante) pela mídia, filmando mais tarde com Steven Spielberg, por exemplo.
A música é outro diferencial,
misturando jazz e música clássica
e abrindo a guarda para Matt Damon cantar, com a própria voz, o
clássico "My Funny Valentine",
imitando o vocal do trompetista
Chet Baker.
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