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Crítica
Kore-Eda vê defesa de honra no abandono
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Certos comportamentos, ao
mesmo tempo extremados e
absurdos, existem em toda parte. No Brasil mesmo, de vez em
quando, aparece alguém que
prendia o filho com cadeado ou
coisa parecida.
A diferença com o Japão é
que a cadeia hierárquica não
tem a mesma rigidez, longe disso. É a isso que nos introduz
"Ninguém Pode Saber" (Telecine Cult, 23h45), de Hirozaku Kore-Eda, em que quatro
crianças são deixadas pela mãe
num apartamento, sendo que
três delas são clandestinas.
Sobreviver será o desafio
dessas crianças. Mas manter
o segredo pedido pela mãe
será um ponto de honra, não
importa nem mesmo que sobre
eles paire a hipótese do abandono materno.
O Japão, que tinha sido substituído pela China (por todas
elas) como produtor de mais
peso do Oriente, volta, com
Kore-Eda e outros, a seu de-
vido lugar.
É quase uma questão de
equilíbrio ecológico que se vai
reencontrando.
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