São Paulo, terça-feira, 19 de junho de 2007

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Exibição alemã fecha calendário de principais mostras européias

Evento é realizado de dez em dez anos na cidade de Münster, na Alemanha

Rolf Vennenbernd/Efe
"Archaeological Site", obra de Guillaume Bijl em Münster


FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A MÜNSTER

Depois de Veneza e Kassel, o ciclo de inauguração das grandes mostras na Europa se encerrou, no último sábado, com a abertura de Projetos de Escultura (Skulptur Projekte), em Münster, na Alemanha. Exposição realizada a cada dez anos, Projetos reúne obras de 35 artistas, distribuídas por todas a cidade, com curadoria de Kasper König, Brigitte Franzen e Carina Plath.
Apesar de o nome se referir à escultura, a mostra contempla diversos tipos de ação na cidade, algumas delas praticamente invisíveis, como a obra do britânico Mark Wallinger: um fio de cinco quilômetros que percorre o espaço aéreo da cidade, apoiando-se no alto das construções.
"O nome se deve à origem da mostra, em 1976, quando a cidade protestou contra esculturas públicas doadas por um banco. Por isso, em 1977, o museu local organizou uma exposição sobre a história da escultura, tendo König como responsável por escolher obras para a parte externa do museu", disse Plath à Folha.
Com a repercussão positiva, decidiu-se continuar a mostra, mas somente das esculturas públicas e com uma periodicidade ampla, já que dez anos é o dobro de tempo de preparação da Documenta. O orçamento da exposição, contudo, não deixa a desejar: são R$ 14 milhões para 35 obras, enquanto a Documenta, com 500 trabalhos, custou R$ 48,5 milhões.
"Nosso eixo central, de fato, é a relação entre espaço público e arte. Com periodicidade larga, contudo, a exposição tem apontado para questões emergentes em cada momento da história da arte. Em 1987, por exemplo, foi o retorno à figuração. Agora, a importância do cinema é um dos temas desta edição", conta Plath.
Por isso, uma das primeiras salas de cinema na Alemanha, Metropolis, em Münster, fechada havia oito anos, foi restaurada para exibir "From the Opposite Side", do alemão Clemens Von Wedemeyer. O filme foi realizado nas imediações do cinema, próximo da estação central da cidade. Lá será também a sede dos debates e seminários da mostra.
Projeções estão presentes ainda em várias obras, como na instalação do israelense Guy Ben-Ner, composta por bicicletas que, quando pedaladas, acionam a exibição de filmes, ou na instalação de Mike Kelley, "Petting Zôo".
A obra é baseada na história bíblica da mulher de Ló, que, ao fugir da destruição de Sodoma e Gomorra, olha para trás e se transforma numa estátua de sal. Em "Petting Zôo", Kelley instalou uma estátua de sal de uma mulher dentro de um barracão que abriga animais domésticos, como pôneis, bodes e vacas.
Um dos destaques desta edição é "Depressão Quadrada", de Bruce Nauman, prevista para a primeira edição, em 1977, mas por questões financeiras só realizada agora. A obra é uma espécie de escultura inversa, um imensa pirâmide dentro do solo, por onde se pode caminhar.
Já Dominique Gonzalez-Foerster criou um campo com réplicas de 34 esculturas, tanto das edições anteriores como da atual, em escala 1:4. "Uma das constatações deste ano é a volta da escultura", ironiza Plath.


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