São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Discípula de Hancock abre festival

A pianista americana Rachel Z, que mistura pop, jazz e rock, é atração do novo Bridgestone Music, em SP

CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Nomes como o de Rachel Z ou do cantor Daby Touré, que abrem o Bridgestone Music, hoje, em São Paulo, ainda soam desconhecidos por aqui. Esse toque de estranheza faz parte do conceito desse novo festival: além de sugerir conexões entre gêneros musicais aparentemente distantes, como o jazz e a world music, o evento pretende surpreender a platéia.
Seguidora assumida do pianista Herbie Hancock, a talentosa pianista Rachel Z tem diversos atrativos para conquistar um fã-clube no Brasil, exceto entre os ouvintes mais puristas. Como seu mentor, ela rompe com o repertório tradicional do jazz, fazendo releituras de sucessos do pop e do rock.
"É muito divertido criar uma versão jazzística de "Red Rain", depois de ter tocado essa música na banda do próprio Peter Gabriel", diz à Folha a pianista nova-iorquina, ressaltando que os integrantes de seu trio, o Department of Good and Evil, já tocaram tanto em grupos de jazz como em bandas de rock.
"Isso nos dá um nível de autenticidade maior", afirma.
Bem-humorada, ela ri ao lembrar que declarou, anos atrás, que pretendia ser "o novo Herbie Hancock". "Espero já ter conseguido algo assim, mas deixo que as platéias e os críticos dêem essa resposta", diverte-se. "Herbie diria, provavelmente, que eu sou a nova Rachel Z. Em outras palavras, é melhor ser você mesma."
Por isso a pianista admite ter sentido um gostinho especial, no ano passado, quando Hancock lançou um disco com versões jazzísticas de canções da cultuada compositora canadense Joni Mitchell como Rachel Z já fizera em "Moon at the Window", em 2002.
"Fiquei feliz ao ver que, finalmente, ele roubou uma das minhas idéias depois de eu ter roubado umas 3 milhões de idéias dele", diz, rindo. "O fato de ele ter recebido o prêmio (Grammy) de melhor disco do ano encorajou muita gente. Mostrou aos músicos de jazz mais jovens que também podem ser reconhecidos se trabalharem seriamente."

Três vezes melhor
Formada pelo conceituado New England Conservatory, em Boston, Rachel Nicolazzo (seu sobrenome verdadeiro) sabe bem o quanto precisou batalhar para se destacar em um meio tão competitivo quanto o do jazz em Nova York, ainda mais sendo mulher.
"Eu praticava 12 horas por dia. Meus professores diziam que eu teria de ser três vezes melhor do que um homem para receber o mesmo grau de reconhecimento. No entanto, muitos homens, como Mike Manieri, Wayne Shorter, Peter Gabriel, Stanley Clarke e Al Di Meola, me ajudaram a chegar aonde estou", diz ela, citando músicos com os quais já tocou.
Como qualquer jazzista, Rachel escolhe o que toca só na hora de entrar em cena, mas revela que vai tocar com o violonista Chico Pinheiro uma releitura de "Love Will Tear Us Apart", hit do Joy Division. "Temos uma versão dessa música que soa bem e estamos animados por poder tocá-la com um dos melhores músicos brasileiros da nova geração", elogia a nova-iorquina. Quem fecha a noite é Daby Touré, cantor e violonista da Mauritânia que vive na França. Faz um pop africano de alta qualidade.


BRIDGESTONE MUSIC
Quando:
hoje (Rachel Z & Department of Good and Evil e Daby Touré Quintet), amanhã (Dr. Lonnie Smith Soul Jazz Trio e Dobet Gnahoré) e sáb. (Vijay Iyer Quartet e Souad Massi et Groupe), sempre às 21h
Onde: Citibank Hall (av. dos Jamaris, 213, tel. 0/xx/11/6846-6000; classificação: 14 anos)
Quanto: R$ 30 a R$ 90



Texto Anterior: Mostra reúne oito filmes da recente safra francesa
Próximo Texto: Frase
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.