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Para designers, supersexy é brega
CAMILA YAHN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A crer nas coleções da São
Paulo Fashion Week, o próximo verão será, no mínimo, recatado -apesar dos desfiles da
Neon e de Fábia Bercseck. Os
estilistas fugiram das roupas
ultra-sexies como o diabo foge
da cruz. E estão em luta aberta
contra o império das gostosonas, como diz a designer Rita
Comparato, da Neon, com blusas cavadas, barriguinhas à
mostra e bumbuns salientes.
Para o estilista mineiro Ronaldo Fraga, o conceito do sexy
foi barateado e precisa ser reformulado. "Está ficando brega
o muito decotado e o siliconado", diz. "Hoje em dia não dá
para saber o que é roupa de garota de programa e o que é roupa de patricinha. Prefiro trabalhar com a sugestão do corpo."
Rita concorda e dispara: "Esse
sexy de puta rameira cansou,
porque foi muito explorado.
Tudo ficou igual demais. Agora
até elas vão querer se disfarçar
de elegantes!".
Então agora é brega ser sexy?
Para o estilista Waldemar Iódice, o desejo pelo sexy continua,
mas de uma nova maneira,
mais elegante. "As mulheres estão se preservando mais e mostrando menos. A sensualidade
hoje em dia está muito mais na
atitude, no gesto. A mulher de
hoje quer ser feminina, sem
correr o risco de ficar vulgar."
Ronaldo Fraga lembra o desfile de outono-inverno 2006 da
Prada, em que a estilista
Miuccia fez as modelos entrarem com livros na passarela.
"Nós, mulheres, devemos nos
voltar para o lado mais racional
e forte. Temos que parar de
tentar atrair todo mundo. Nós
devemos estudar", disse na
época a estilista italiana.
"Esta apresentação abriu espaço para uma discussão sobre
novas formas de sensualidade e
elegância", diz Ronaldo. Ele
mesmo jogou livros para a platéia ao final de seu desfile.
Essa tendência se aplica também à moda praia. A semana
mostrou biquínis e maiôs menos ousados, maiores e mais
largos, como nos desfiles da Poko Pano, Sais e Movimento.
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