São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 2006

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Para designers, supersexy é brega

CAMILA YAHN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A crer nas coleções da São Paulo Fashion Week, o próximo verão será, no mínimo, recatado -apesar dos desfiles da Neon e de Fábia Bercseck. Os estilistas fugiram das roupas ultra-sexies como o diabo foge da cruz. E estão em luta aberta contra o império das gostosonas, como diz a designer Rita Comparato, da Neon, com blusas cavadas, barriguinhas à mostra e bumbuns salientes.
Para o estilista mineiro Ronaldo Fraga, o conceito do sexy foi barateado e precisa ser reformulado. "Está ficando brega o muito decotado e o siliconado", diz. "Hoje em dia não dá para saber o que é roupa de garota de programa e o que é roupa de patricinha. Prefiro trabalhar com a sugestão do corpo." Rita concorda e dispara: "Esse sexy de puta rameira cansou, porque foi muito explorado. Tudo ficou igual demais. Agora até elas vão querer se disfarçar de elegantes!".
Então agora é brega ser sexy? Para o estilista Waldemar Iódice, o desejo pelo sexy continua, mas de uma nova maneira, mais elegante. "As mulheres estão se preservando mais e mostrando menos. A sensualidade hoje em dia está muito mais na atitude, no gesto. A mulher de hoje quer ser feminina, sem correr o risco de ficar vulgar."
Ronaldo Fraga lembra o desfile de outono-inverno 2006 da Prada, em que a estilista Miuccia fez as modelos entrarem com livros na passarela. "Nós, mulheres, devemos nos voltar para o lado mais racional e forte. Temos que parar de tentar atrair todo mundo. Nós devemos estudar", disse na época a estilista italiana.
"Esta apresentação abriu espaço para uma discussão sobre novas formas de sensualidade e elegância", diz Ronaldo. Ele mesmo jogou livros para a platéia ao final de seu desfile.
Essa tendência se aplica também à moda praia. A semana mostrou biquínis e maiôs menos ousados, maiores e mais largos, como nos desfiles da Poko Pano, Sais e Movimento.


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