São Paulo, quinta-feira, 19 de julho de 2007

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Televisão/Crítica

"À Queima-Roupa" sobrepõe cinema e realidade de 67

PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em "À Queima Roupa" (TCM, 22h), Walker é um homem traído. Não só por sua mulher (com seu melhor amigo, que, por sua vez tenta matá-lo) mas também pelo mundo, com seu jogo inesperado.
Não é à toa, assim, que a primeira imagem de Walker seja incerta, de tão desfocada e ultra-avermelhada. Porque, golpeado inesperadamente pela vida, é como se ele mergulhasse num pesadelo agônico, e daí a vingança ser sua única certeza. John Boorman, o diretor, sabiamente adota um paralelismo narrativo que amplifica essas ambigüidades, com passado e presente confundindo-se, como num grande delírio.
O que resulta aqui é, também, um paralelo entre filme e o mundo de 1967, múltiplo entre sortes e azares, de corrida espacial a guerras em selvas tropicais. E a ponte está justamente em Lee Marvin, ator vigoroso, rosto e corpo talhados, devidamente moldados para o inesperado do mundo, inclusive para a experiência de cinema moderno que caracteriza esta obra-prima de Boorman.


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