São Paulo, sábado, 19 de julho de 2008

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"West Side Story" volta bilíngüe à Broadway

Nova montagem do musical terá trechos em espanhol e atores hispânicos

Diretor promete versão mais sombria e tensa da trama sobre gangues adolescentes inspirada em "Romeu e Julieta"


JULIE BOSMAN
DO "NEW YORK TIMES"

Mais de 50 anos depois de estrear na Broadway, o musical "West Side Story" voltará aos palcos nova-iorquinos em fevereiro, numa versão mais sombria, tensa e bilíngüe. Segundo o diretor Arthur Laurents, 91, para reforçar a paixão e a autenticidade da obra, parte do diálogo falado e cantado do espetáculo será em espanhol. "Os personagens falarão espanhol onde normalmente o fariam", disse Laurents, acrescentando que legendas serão usadas para ajudar a audiência. Laurents, autor do libreto de "West Side Story", prometeu fazer da remontagem uma versão mais realista do original, um romance musical envolvendo gangues de adolescentes inspirado por "Romeu e Julieta" e passado no West Side de Manhattan na década de 50. Com música de Leonard Bernstein e letras de Stephen Sondheim, o espetáculo estreou na Broadway em 1957. Depois de ficar em cartaz durante 732 apresentações, foi adaptado para o cinema em filme estrelado por Natalie Wood e Richard Beymer, e remontado em 1964 e 1980. Laurents ainda se irrita com a menção da remontagem de 1980, que ele define como chocha, e com a versão cinematográfica, que ele descreve assim: "Sotaques falsos, gírias falsas, roupas falsas. E também acho as interpretações terríveis". "As versões anteriores apresentavam os personagens adolescentes como inocentes demais", completa. "Não se pode tratar esses garotos como queridinhos, e sim como aquilo que eles são", afirma. "São todos matadores. E a história, na verdade, mostra como o amor é destruído por um mundo de violência e fanatismo". A origem da nova montagem foi uma idéia do companheiro de Laurents durante 52 anos, Tom Hatcher, morto em 2006. Em uma visita a Bogotá, Hatcher viu uma montagem de "West Side Story" em espanhol. Na versão colombiana, o idioma transformava o espetáculo: os Sharks eram os heróis, e os Jets, os vilões. "Achei que seria ótimo se pudéssemos igualar as gangues de alguma maneira", diz o diretor. A escolha do elenco deve ser concluída até metade de setembro. Arthur Laurents pretende usar atores hispânicos na gangue dos Sharks e, especialmente, no papel de Maria. "Não vou escalar alguém e usar maquiagem para escurecer sua pele. É importante ter uma latina no papel por um motivo simples: creio que eles saibam o que é o sentimento da exclusão. Se tiverem sangue porto-riquenho, saberão o que é preconceito; se tiverem qualquer sangue hispânico, saberão o que é preconceito".

Tradução de PAULO MIGLIACCI



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